26 outubro 2007

A perfeição de Deus

Não é preciso estar em Loja para conhecer pranchas exemplificando um bom comportamento moral, apontando uma conduta correcta, mostrando como temos ocasião de melhorar. Também no nosso dia a dia, através das nossas relações sociais, se estivermos atentos e interessados, encontramos essas lições. Recebi este texto, enviado por um amigo, em mensagem de correio electrónico. Há meses que o guardo e que, de tempos a tempos, o releio e medito. Seria egoísmo não o partilhar com os leitores do A Partir Pedra.

Em Brooklyn, Nova Iorque, Chush é uma escola que se dedica ao ensino de crianças especiais. Algumas crianças ali permanecem por toda a vida escolar, enquanto outras podem ser encaminhadas para uma escola comum.
Num jantar de beneficência de Chush, o pai de uma criança fez um discurso que nunca mais seria esquecido pelos que ali estavam presentes.
Depois de elogiar a escola e seu dedicado pessoal, perguntou:
"
Onde está a perfeição no meu filho Pedro, se tudo o que DEUS faz é feito com perfeição?
O meu filho não pode entender as coisas como outras crianças entendem.
O meu filho não se pode lembrar de factos e números como as outras crianças. Então, onde está a perfeição de Deus?"
Todos ficaram chocados com a pergunta e com o sofrimento daquele pai, mas ele continuou:
"Acredito que quando Deus traz uma criança especial ao mundo, a perfeição que Ele busca está no modo como as pessoas reagem diante desta criança."
Então ele contou a seguinte história sobre o seu filho Pedro:
"Uma tarde, Pedro e eu caminhávamos pelo parque onde alguns meninos que o conheciam, estavam a jogar beisebol. Pedro perguntou-me:
- Pai, achas que eles me deixariam jogar?
Eu sabia das limitações do meu filho e que a maioria dos meninos não o queria na equipa. Mas entendi que se Pedro pudesse jogar com eles, isso lhe daria uma confortável sensação de participação. Aproximei-me de um dos meninos no campo e perguntei-lhe se Pedro poderia jogar.
O menino deu uma olhada ao redor, buscando a aprovação de seus companheiros da equipa e mesmo não conseguindo nenhuma aprovação, ele assumiu a responsabilidade e disse:

- Nós estamos a perder por seis pontos e o jogo está na oitava partida (o beisebol joga-se em nove partidas e cada ponto é conquistado sempre que a equipa que bate completa uma volta a um quadrilátero, com quatro estações ou bases). Acho que ele pode entrar na nossa equipa e tentaremos colocá-lo para bater (o jogador que, com o bastão de beisebol, procura acertar na bola que é lançada por um adversário, o lançador, e afastá-la o mais possível, para dar tempo aos seus companheiros de equipa para conquistarem bases; se conseguir lançar a bola para fora do campo, ganha automaticamente um ou mais pontos, consoante o número de bases conquistadas) até à nona partida.
Fiquei encantado quando Pedro abriu um grande sorriso ao ouvir a resposta do menino. Pediram então que ele calçasse a luva e fosse para o campo jogar.
No final da oitava partida, a equipa de Pedro marcou alguns pontos, mas ainda estava perdendo por três. No final da nona partida, a equipa de Pedro marcou novamente e agora com dois fora e as bases com potencial para a jogada decisiva, Pedro era o batedor que se seguiria.
Uma questão, porém, veio à minha mente: a equipa deixaria Pedro, de facto, rebater nestas circunstâncias e deitar fora a possibilidade de ganhar o jogo?
Surpreendentemente, foi dado o bastão a Pedro. Todos sabiam que isso seria quase impossível, porque ele nem mesmo sabia segurar o bastão. Porém, quando Pedro tomou posição, o lançador se moveu alguns passos para lançar a bola de maneira que Pedro pudesse ao menos rebater.
Foi feito o primeiro lançamento e Pedro balançou desajeitadamente e perdeu.
Um dos companheiros da equipa de Pedro foi até ele e juntos seguraram o bastão e encararam o lançador
.
O lançador deu novamente alguns passos para lançar a bola suavemente para Pedro.
Quando veio o lançamento, Pedro e o seu companheiro da equipa balançaram o bastão e juntos rebateram a lenta bola do lançador.
O lançador apanhou a suave bola e poderia tê-la lançado facilmente ao primeiro homem da base. Pedro estaria fora e isso teria terminado o jogo.
Ao invés disso, o lançador pegou a bola e lançou-a numa curva, longa e alta, para o campo, distante do alcance do primeiro homem da base.
Então todos começaram a gritar:
- Pedro, corre para a primeira base, corre para a primeira. Nunca na sua vida ele tinha corrido... mas saiu disparado para a linha de base, com os olhos arregalados e assustado.
Antes que ele alcançasse a primeira base, o jogador da direita teve a posse da bola. Ele poderia ter lançado a bola ao segundo homem da base, o que colocaria Pedro fora de jogo, pois ele ainda estava a correr.
Mas o jogador entendeu quais eram as intenções do lançador. Assim, lançou a bola alta e distante, acima da cabeça do terceiro homem da base.
Todos gritaram:
- Corre para a segunda, corre para a segunda base.

Pedro correu para a segunda base, enquanto os jogadores à frente dele circulavam deliberadamente para a base principal.
Quando Pedro alcançou a segunda base, a curta devolução adversária colocou-o na direcção de terceira base e todos gritaram:
- Corre para a terceira.
Ambas as equipas correram atrás dele gritando:
- Pedro, corre para a base principal.
Pedro correu para a base principal, pisou nela e todos os 18 meninos o ergueram nos ombros fazendo dele o herói, como se ele tivesse vencido o campeonato e ganho o jogo para a equipa dele."
"Naquele dia," disse o pai, com lágrimas caindo sobre face, "aqueles 18 meninos alcançaram a Perfeição de Deus. Eu nunca tinha visto um sorriso tão lindo no rosto do meu filho!"


Às vezes, dou comigo a pensar que o caminho para do aperfeiçoamento não precisa de ser descoberto: basta ser lembrado. Lembrado de como éramos quando éramos crianças...

Rui Bandeira

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