13 maio 2008

Inês: balanço (7/Maio/2008)







Meu querido Rui, apetece-me dizer-te, como digo a propósito da Rita Levi, “quem te viu e quem te vê…”
Óh menino, já não tens idade para ser vaidoso. Ganha juízo !
Mas que raio de texto te lembraste de postar. É como diz a tal Rita, a idade desactiva os neurónios…
Vamos lá ver:
Fizeste um texto de apoio à situação da Inês !
Fizeste um texto reforçando as explicações sobre a situação da Inês !
Fizeste terceiro texto re-reforçando a situação da Inês !
Tens posto notas nos outros textos que tens escrito, mesmo que não relacionados com a Inês !

A “malta” não te liga nenhuma e Tu é que és incompetente ?
Vá lá, eu ajudo… deixa-te de ser vaidoso !
Querias ser incompetente… querias… mas não consegues ! Azar, é defeito de fabrico.

Meu querido, ainda por cima, logo a seguir pões aquele admirável vídeo sobre os exemplos dados às crianças. Mas então não está aí a resposta ? Vê lá bem…

E depois tens seguidores. É o nosso querido “Simple” a deitar achas p’rá fogueira (óh balha-me deus… só me saem duques e cartas de nada !)

Bom, meus queridos postantes, vamos lá ver um pouco da “coisa”.

Este tipo de beneficência está esgotado (a meu ver !). As pessoas estão cansadas destes peditórios, mais ainda porque têm a consciência de que a grande maioria deles é destinada a tudo, menos ao que é anunciado, sendo que “gato escaldado…”, e portanto deixaram de aderir a este tipo de manifestação.
Depois há, como diz o “Simple”, alguma coisa de “efeito de espectador”, embora aqui eu tenha alguma desavença (?) com o “Simple”.

O que se passa muitas vezes no efeito de espectador não tem exactamente o sentido que ele lhe dá.
Acontece que há muita gente que faz, se for preciso fazer, isto é, faz se não houver mais ninguém capaz de fazer. Se houver, então é porque é fácil e “eles” que façam.

É uma postura diferente da que é referida pelo “Simple”, que não tem qualquer sentido pejorativo, bem pelo contrário, deixa aberta a indicação de disponibilidade para as coisas de facto complicadas (as tais que nem todos conseguem fazer !) deixando aos outros a possibilidade de fazerem aquilo de que são capazes, sem a sobreposição da nossa “altíssima competência”.
É sabido que eu faria sempre melhor… Claro !
Mas, de vez em quando, deixar aos outros a alegria de serem úteis também tem a sua beleza.
De acordo ?

A este propósito aconselho a leitura de uma obra “deliciosamente deliciosa”, de autor inglês (Jerome K. Jerome), e intitulada “3 homens num bote (sem falar no cão”. É o humor inglês no seu melhor, com toda a força da análise do “non-sense” que os ingleses fazem de forma absolutamente superior e que tem tido por cá alguns bons seguidores.
Ali temos uma explicação mais do que perfeita de algum “efeito de espectador” !

Voltando à “incompetência” Rui.
Meu Caro, vê os exemplos, múltiplos, à Tua volta. Vê onde vão parar os auxílios que são recolhidos, frequentemente com grande sacrifício, destinados a África (Angola, Moçambique, Guiné, Zimbabué, Sudão, Burkina…).
Vê agora com a Birmânia o que está a acontecer naquela terra “governada” por tiranos e com 150 mil mortos às costas.

O pessoal desconfia das ajudas, está muito calejado e diz com a maior normalidade “já dei para esse peditório !”. Depois há o comodismo, pois claro. Depois há a inconsciência social, pois claro. Depois há o sentimento de que “os impostos que sirvam para isso”…

Posso estar todo o dia a acrescentar “boas” razões para que a “malta” se borrife no assunto, mas acabo com uma estorinha exemplar.
Como sabem procuro ser activista dos Pirilampos Mágicos. Felizmente há muitos e bons nesta tarefa o que me facilita enormemente a vida.
Na 6ª feira arrancou a campanha referente ao Pirilampo 2008, tal como “postei” aqui, e como é habitual procurei, em Odivelas, pôr Pirilampos à venda em locais que me parecem propícios, desde que as pessoas se empenhem a fazê-lo, e para isso recorro a estabelecimentos comercias que tendo movimento diário de pessoas a passar, têm oportunidade de fazer a venda.
É simples, é barato e é bonito.
Só falta querer. E isso é o que acontece frequentemente.
Num dos restaurantes que visitei recebi como resposta “sabe, não é o nosso trabalho, mas tenho muito respeito por quem o faz…”. A vontade que tive de mandar o senhor meter o “respeito” no tacho da caldeirada foi mais que muito. Claro que não o fiz, mas que me apeteceu… apeteceu.
Ora isto é inconsciência cívica. A pessoa sabe ao que se destinam os fundos que forem apurados, sabe que estas instituições de apoio social têm falta de quase tudo, sabem que a sua existência é dramaticamente importante e indispensável para milhares de jovens, incapacitados para a vida diária tal como nós (“normais” ?) a entendemos, e responde que “não é o nosso trabalho…”
Então é de quem ? A estas alminhas nem sequer passa pela cabeça que podem virar a situação a seu favor, isto é, em vez de terem uma atitude passiva perante a situação, podiam pegar nos posters, sempre bonitos e cheios de cor, e utilizá-los nas montras, em cima dos balcões, por muitos locais dos estabelecimentos muitas vezes “ranhosos”, sem decoração e sem gosto, dando-lhes vida e tornando-os mais apelativos. Espalhando luz !

E prontes (conforme o novo acordo ortográfico) fico-me por aqui sobre a incompetência do Rui.

Vão 3 (três) abraços.
Um para o Rui incompetente, outro para o comentador1 (Simple) que é “espectador…” e outro para o comentador2 (Nuno) que se baralhou na “incompetência” e acha que estamos em crise… (o Nuno não costuma dar atenção ao “prime-minister”!)

JPSetúbal

2 comentários:

Nuno Raimundo disse...

Boas...

Abraço. aceite, meu caro JP.

Refere e muito bem que normalmente nãoi ligo muito ao que o nosso PM vai dizendo, mas desta vez a crise está instalada nos bolsos dos tugas, mim incluido. E como bem referiu, grande parte dos peditórios não chegam aos seus verdadeiros fins, e como "gato escaldado...".
Não querendo eu com isto, fazer uma afirmação perjorativa do trabalho dos meus amigos, o contrário. é sempre nóbel tais façanhas.
Como fererri, em tempos organizei também uma colecta patra o filho de um amigo meu que sofre de uma doença rara (uma deficiência enzimática), em que o mesmo teve de ir para os States fazer um tratamento que ainda hoje é experimental, mas que o Hosp.Sta Maria nos dias de hoje já tem.
E mesmo nessa altura, amigos pessoais e que copnheciam o caso tb pouco ou nada puderam dar.
É a vida e temos de a aceitar e tentar compreender.
O que não pudemos fazer é baixar os braços.

Quanto á "incompetência" do Rui, como é óbvio, nunca o considerei como tal. :)

abr...prof...

Paulo M. disse...

Caro JPSetúbal:

Assim até dá gosto lê-lo! Gosto muito dos seus artigos com "aspas", mas confesso que gosto mais destes, de conteúdo original...

Ora, para variar, se não concordo que o Rui seja incompetente, também não concordo - pelo menos neste caso, que do resto não posso falar e o JPSetúbal saberá disso mais do que eu... - que ele tenha sido vaidoso.

O que me parece é que o Rui ficou foi muitíssimo frustrado, zangado e desiludido: frustrado por esperar que, do seu esforço continuado aqui no blogue, proviesse alguma receita que se visse para a Inês; zangado com a falta de resposta dos leitores do blogue; desiludido com o resultado porque, culpas e responsabilidades aparte, certo foi que a receita apurada foi parca.

Subscrevo o reparo de que este modelo de recolha de fundos esteja esgotado. No entanto, colo-me completamente às expectativas do Rui; afinal, este blogue não é um blogue sobre criação de passarinhos, e esperei que os seus leitores fossem mais solidários.

No fim, o Rui reclamou para si a totalidade da responsabilidade por não ter conseguido mobilizar convenientemente os leitores, qual general que, ordenando ao elefante que saltitasse graciosamente de nenúfar em nenúfar, se zangasse com a falta de estilo dos saltos... Na minha terra, arcar publicamente com culpas alheias chama-se "uma bofetada de luva branca". (olha, que giro... luva branca... isto da associação livre de ideias é uma coisa muito engraçada...)

Por fim, o "Simple" agradece o piropo, mas ainda não almeja a ser mais do que um arremedo de aprendiz de seguidor...

Um grande abraço aos três (JPSetúbal, Rui e nuno_r) do
Simple