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20 novembro 2017

O TEMPLO MAÇÓNICO E A REGULARIDADE

A\G\D\G\A\D\U\

i) Preliminar
ii) Conceito de Templo
iii) Conceito de Templo Maçónico
iv) Desenho do Templo Maçónico
v) Organização do trabalho no Templo
vi) Significado esotérico do Templo Maçónico
vii) Epílogo


i) Preliminar
Aspectos gerais do Templo Maçónico, de acordo com a prática do R\E\A\A\ no Gr\ de A\

ii) Conceito de Templo
Templo segundo o Dicionário da Lingua Portuguesa é um edifício destinado ao culto de uma religião; um monumento em honra de uma divindade, ou um qualquer lugar sagrado ou venerável. O dicionário Priberam da Língua Portuguesa diz-nos ainda que é o lugar onde a maçonaria celebra as suas sessões e que também assim pode ser chamada a Ordem dos Templários.
Templo – segundo a wikipedia, vem do latim templum, "local sagrado" e é uma estrutura arquitectónica dedicada a um serviço religioso ou a um culto. O termo no sentido figurado é o reflexo do mundo divino, a habitação de Deus sobre a terra, o lugar da Presença Real. É o resumo do macrocosmo e também a imagem do microcosmo: 'um corpo humano é um templo'.
As tradições religiosas, entre outros, dão-lhe nomes diversos, como:

Mesquita, no caso do Islão;
Sinagoga, no caso do Judaísmo;
Templo de fogo, no caso do Zoroastrismo;
Pagode, no caso do Budismo;
Mandir, no caso do Hinduísmo;
Pathi, no caso do Ayyavazhi;
Centro Espírita, no caso do Espiritismo.

Pode ainda ser considerado Templo o lugar onde se presta culto a uma Arte ou a uma Ciência.
iii) Conceito de Templo Maçónico
Do ponto de vista esotérico e partindo dos conceitos anteriormente referidos, poderemos concluir que: Templo Maçónico é o lugar no qual os maçons prestam culto ao G\A\D\U\ e sob os seus auspícios realizam o seu Trabalho Espiritual.
Estas definições que conceptualmente se apresentam simples, de facto complicam-se pelas mais variadas razões, sejam elas de índole política, religiosa ou outra.
É por isso que algumas estruturas, ditas maçónicas, ou para/pseudo maçónicas, substituem o termo Templo por Loja ou Oficina, sendo que essas designações existem, mas são outra coisa, tendo o significado conceptual destas palavras sido indevidamente equiparado a Templo, encontrando-se na para/pseudo-maçonaria definições como: “a Loja/Oficina é local no qual os francomaçons celebram as suas assembleias ou reuniões”; e assim suprimem-lhe toda e qualquer conotação espiritual, procurando desse modo ocultar toda a natureza “religiosa” que, mesmo não sendo nem tendo uma religião, tem caracterizado a maçonaria ocidental desde as suas origens, abrindo-se assim as ditas maçonarias a um trabalho dito “maçónico laico” que não é de todo compatível com o esoterismo iniciático que está na essência da Arte Real.
Parece-me pois claro que o trabalho maçónico autêntico exige que o mesmo se cumpra num Templo Maçónico e como tal terá que ocorrer A\G\D\G\A\D\U\ para que o seu ritual assim celebrado permita que os membros que o executam tenham um Despertar Espiritual e alcancem níveis espirituais inimagináveis para os profanos e lamentavelmente, também para alguns iniciados que, por não terem interiorizado correctamente a sua iniciação, se deixaram levar em correntes de todo incompatíveis com a essência da actividade maçónica.
Ter um Despertar Espiritual mais não é do que perceber que há muito mais na vida do que aquilo que nos foi induzido a acreditar; é algo mais interior e mais profundo, com um significado à espera de ser descoberto.
É um conjunto de muitas pequenas coisas e muitas coincidências que não são mais que o início desse despertar, o início da percepção de que somos atemporais, não físicos; eternos.
Quando começamos a não nos preocupar com coisas como a reputação social, a popularidade, e a aprovação, quando descobrimos que a nossa identidade vem de algo mais profundo do que isso; quando iniciamos um relacionamento com o Universo, sendo que o Templo é o Universo, e quando nele nos aceitamos integrar, normalmente deixamos também de ter medo, até o medo da morte vai diminuindo conforme a nossa parte atemporal ao Universo se vai ligando, aí e então vamo-nos aperceber que apenas caminhamos, e que caminhamos pelo caminho certo, rumo ao G\O\E\.
Quando o Despertar se inicia abandonamos muitas das preocupações profanas ficamos mais interessados na busca do Conhecimento, na busca da Sabedoria e por isso aceitamos e abraçamos como experiências enriquecedoras todas as ocorrências da nossa passagem por esta “vida”.
iv) Desenho do Templo Maçónico
A compreensão da forma como os nossos Templos foram desenhados requer ter em conta que a maçonaria especulativa tal como foi pensada no século XVIII, aquando do seu surgimento proveio de uma concepção do mundo e do homem que tinha por base, fundamentalmente, a Arte Construtiva intrinsecamente ligada às restantes disciplinas que compõem o Hermetismo: a Alquimia, a Teurgia, a Magia Natural e a Astrologia; sem nos esquecermos também das várias correntes de pensamento procedentes das Religiões dos Mistérios, do Pitagorismo, do Neoplatonismo e das Gnoses, Judaica e Cristã, bem como da herança da Antiga Sabedoria Egípcia.
É claro que, três séculos volvidos, os avanços científicos fizeram com que nos afastássemos do que era fábula e superstição; mas para lá da evolução ocorrida a maçonaria tem sido rigorosa em conservar os conhecimentos perenes, intrínsecos da própria natureza do ser humano e do cosmos que o contém.
No respeito por essas verdades eternas o bom senso tem prevalecido e os símbolos primitivos do Templo Maçónico continuam a ser imprescindíveis para executar o trabalho espiritual que é a essência maçónica.
Na simbologia maçónica o Templo representa ainda o Templo do Rei Salomão, aquele erigido em honra e por ordem de Yahvé , seu Deus.
Este Templo foi edificado em Jerusalém e segundo referências escritas nos Livros Sagrados contava com três espaços perfeitamente bem delimitados:
- O Pórtico [’ülâm] que delimitava o profano do sagrado;
- O Sancta [o “lugar” Santo = hékâl ou hekhal, que deriva do Sumério: É GAL = Casa Grande] que continha a nave central do Templo;
- O Sancta Santorum [o “lugar” Santo dos Santos] que na sua parte mais recôndita, o Debir (דְּבִיר), abrigava a Arca da Aliança.
O Templo Maçónico obedece igualmente a esse mesmo plano, sendo o que a seguir se indica o seu traçado:
- O Pórtico, que vai desde a parede ocidental, onde se encontra a porta de entrada no recinto, até uma linha imaginária, que se projecta desde a parede Norte até à parede Sul, traçada à altura das Colunas, a B\ e a outra a Sul dela, linha essa que delimita a zona a partir da qual, estando o espaço sacralizado, os profanos não passam; apenas adentram essa linha os iniciados e o neófifo no dia da sua iniciação.
- O Sancta que se estende desde a linha onde termina pórtico até à blaustrada do Or\ e é o espaço onde todos os iniciados se arrumam por Oficinas. É neste espaço que o nosso Templo tem o seu apogeu, bem no centro da L\, o local onde é possível o contacto com a Divindade, o local que é atravessado pelo eixo do mundo, o único caminho que permite o trânsito entre o mundo superior e o mundo inferior.
- O Sancta Sanctorum que vai desde a balaustrada até à parede Oriental. O Sancta Sanctorum da maçonaria é um local que pode ser alcançado por todo e qualquer maçon que tenha progredido em conhecimento e auto-controlo; que tenha acrescido Luz, da que brilha desde o Or\, à sua luz estando assim preparado para a etapa final do grande drama do desenvolvimento do Espírito: a busca da Palavra Perdida.
Um Templo, com as dimensões rigorosas, deverá ter a forma de um paralelipípedo que por sua vez é composto por dois cubos perfeitos, representando o cubo do Oc\ a Matéria e o cubo do Or\ o Espírito.
É mesmo no início do cubo no Oc\ que estão as Colunas, a B\ e a outra a Sul dela, e no fim do cubo no Or\ que se econtra o Trono de Salomão, a Cadeira do V\M\.
Forma-se ainda um terceiro cubo que é composto pelas duas metades dos cubos do Oc\ e do Or\; este terceiro cubo representa o homem que é composto por Matéria e por Espírito. É no centro deste terceiro cubo, que é o ponto onde os dois primeiros confluem, que se coloca o Quadro da L\, simbolizando o ponto de chegada da nossa viagem, o nosso encontro com o G\A\D\U\.
A figura geométrica do cubo corresponde em aritimética ao número quatro. Na simbologia dos números o 4 tem várias conotações e ligações das quais destacamos apenas:
            Os 4 pontos cardeais: Norte, Sul, Este e Oeste;
            As 4 estações do Ano; Primavera, Verão; Outono e Inverno;
            Os 4 elementos da Natureza: Terra, Ar, Água e Fogo
            As 4 Fases da Lua: Nova, Crescente, Cheia e Minguante.
Este terceiro cubo encerra a mais complexa e mais rica das simbologias; o seu pavimento é de ladrilhos pretos e brancos alternados, um mosaico também chamado de piso axadrezado, que reflete a cosmovisão dualista da maçonaria, recordando a harmonia que deve reinar nas LL\ quaisquer que sejam as condições ou convicções dos seus obreiros.
Essa dualidade albi-negra contém ainda uma alegoria extra L\; aquela que recorda a todos os II\ as características do universo profano, onde têm que percorrer a maior parte das suas vidas sem que perca de vista os atributos que caracterizam um maçon.
Um Templo Maçónico é atravessado pelo Trópico de Câncer (Solstício de Verão), uma linha imaginária que vai da Coluna B\ à Lua; é também atravessada pela linha do Equador Celeste (Equinócios do Outono e da Primavera) que vai do Oc\ a Or\; e é ainda atravessada pelo Trópico de Capricórnio (Solstício de Inverno), a linha imaginária que vai da Coluna a Sul da Coluna B ao Sol.

Ao deslocarmo-nos de uma para a outra Coluna, simbólicamente representamos os movimentos da terra (Rotação e Translacção) estando assim a deslocarmo-nos de um solstício ao outro, de um equinócio ao outro, percorrendo passo a passo as diferentes etapas e provas que provocam a evolução do Espírito na sua aventura transcendente da sua passagem por este mundo, ou se preferirmos, por este estadio da sua vivência múltipla.
 Nos estremos Sudeste, Nororeste e Sudoeste do pavimento de ladrihos estão as três colunetas, a saber: a da Sabedoria (Jónica), a da Força (Dórica) e a da Beleza (Coríntia); são elas que suportam as três Luzes, que para lá de terem literalmente iluminado os trabalhos nos Templos primitivos, tinham e têm também a sua simbologia: a Jónica, associada ao V\ M\ orienta-nos no caminho da vida; a Dórica, associada ao 1.º Vig\ anima-nos e sustenta-nos em todas as dificuldades; e finalmente a Corintia, associada ao 2.º Vig\ adorna todas as nossas acções, o nosso caráter e o nosso espírito.
Na parte superior dum Templo Maçónico está presa uma corda com 81 nós que representa todos os maçons espalhados pela superfície do globo terrestre e a união que entre eles deve reinar. Este símbolo representa ainda a solidariedade maçónica, que jamais deve ser quebrada.
Ao tecto dum Templo Maçónico cabe ainda destacar as características da Abóbada Celeste.

v) Organização do trabalho no Templo
Tanto o traçado do templo quanto a organização dos trabalhos em L\ seguem sempre a orientação dada pelos quatro pontos cardeais:
Oriente: é o lugar onde nasce o Sol, e alegóricamente é o ponto donde surge a Luz; daí o Oriente ser considerado a fonte da Sabedoria, o lugar para onde caminhamos em busca do Conhecimento, e por isso mesmo ali tem assento o V\M\.
Ocidente: é o lugar do pôr-do-Sol; é por aí que se adentra a L\ e simboliza a passagem das Trevas à Luz, sendo por isso que é aí, no sector oposto ao V\M\, que tem assento o 1.º V\.
Norte: é o primeiro sector da L\, aquele a que é mais fácil aceder, é o sector chamado de Coluna do Norte, e é o lugar onde tomam assento os II\ AA\ que ficam nesse lugar porque acabaram de saír das trevas da ignorância e as suas débeis pupilas não poderiam olhar de frente a Luz. A Coluna do Norte vai desde a Coluna B\ à balaustrada do Or\.
Sul: é o meio-dia, é o lugar onde tem assento o 2.º V\, sendo o sector chamado de Coluna do Sul e é neste lugar que têm assento os II\ CC\; ficam nesse lugar porque já conseguem, embora ainda com algumas limitações, suportar a Luz que ali chega com intensidade superior àquela que chega à Coluna do Norte. A Coluna do Sul vai desde a Coluna a Sul da Coluna B à balaustrada do Or\.
Tanto os II\ AA\ quanto os CC\ devem começar por tomar assento nos lugares mais a Oc\ nas respectivas colunas de acordo com a sua antiguidade na Oficina, pois só se devem aproximar do Or\ na medida em que os seus olhos para tal estejam preparados, e para tal tenham adquirido capacitação.
vi) Significado esotérico do Templo Maçónico
Do ponto de vista esotérico, analizado na sua totalidade, o Templo Maçónico simboliza:
1 - O Universo.
O templo enquanto representação da Emanação ou da Criação representa o Universo, daí as suas dimensões  serem de Norte a Sul e do Zénite ao Nadir; sendo assim, por conseguinte no Universo, que o neófito é iniciado e é ali que, já como maçon, trabalha e busca o seu crescimento pessoal A\G\D\G\A\D\U\.
2 - A Humanidade.
O Templo é também uma alegoria da “Humanidade Ideal” à qual os maçons aspiram, humanidade ideal que cada um de nós, com o aperfeiçoamento do seu interior e o seu exemplo, ajuda a edificar uma Humanidade onde a Paz reine sobre a terra, o Amor reine entre os homens, e a Alegria permaneça nos corações.
3 -  O Corpo Humano
O Corpo Humano também simboliza o Templo porque é o receptáculo, o santuário que a Divindade utiliza como um dos meios para se manifestar no universo físico; simboliza, mais específicamente, o Universo Humano onde reside o Ser Superior, a Essência Infinita, o Espírito do G\A\D\U\.
4 - A Interioridade Humana
O Templo Maçónico é também a imagem do Espírito e da Consciência do Homem, sendo nesse contexto que o maçon se esforça por desbastar a pedra bruta que evoca a obra que cada maçon vai construindo dentro de si, desde a purificação (katharsis) na sua iniciação, passando pela Iluminação (theoria), com vista ao aprimoramento dos seus trabalhos até alcançar a Divinização do Ser (Theosis ou Santificação).
Sobre a interioridade já Pitágoras, ou a sua escola pitagórica, refere: a grandeza do homem está no conseguir eleger-se como um ser capaz de identificar a sua interioridade com a ordem inscrita no Cosmos; por sua vez Agostinho de Hipona recomenda: “Noli foras ire, in teipsum redi: in interiore homine veritas” (Não vás fora, entra em ti mesmo: no homem interior habita a verdade).

E, claro, não podemos esquecer o nosso VITRIOL, que para lá de ser a arcaica designação de um sulfato é o anagrama de "Visita Interiora Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem", literalmente: Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta, e que simbólicamente quer dizer: Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrás o Teu Eu Oculto, ou, a essência do Teu Espírito humano.

5 - O Corpo e a Interioridade Humana
Analisando o conjunto carnalidade/interioridade contido no esoterismo do Templo Maçónico, surge-nos “O Homem”, o homem que guarda no seu corpo o Espírito Superior pelo qual passará a ser conduzido, logo que consiga eliminar os vícios que o impedem de seguir as Suas indicações e executar o trabalho que lhe possibilite regenerar a natureza perdida e retornar à natureza original da sua criação.
vii) Epílogo
Como bem sabemos e vemos, o Templo tem muito mais decoração e simbologias como Esquadro, Compasso, Pedras, Sol, Lua, etc., mas quero-me ficar por aqui que já é o bastante para ser trabalhado.
Foi por, na sessão realizada no 13.º dia do sexto mês de 6 016, em que por boa sorte estive presente, me ter parecido que haveria uma “corrente” tendente à indiscriminação, uma “corrente” de que “era tudo a mesma coisa”, que me ocorreu traçar esta prancha, e traço-a porque não; … porque não é tudo a mesma coisa, … ou andaríamos todos nessa falsa socialização dos ecrans, que mistura o real com o virtual, como essa moda “pós-pokemons” onde as pessoas, se socializam, fazem-no virtualmente e sempre como um átomo isolado; já não sei se se trata realidade aumentada, de virtualidade diminuída, ou do seu contrário; sei que hoje tudo evolui muito rapidamente e não se conseguindo, com segurança, prever o futuro sendo esse difícil planear, e as pessoas sem planos para o futuro tendem a tornar-se individualistas destruindo-se assim as sociedades.
O Templo ele mesmo, é um construtor de sociedades e de socialização e contém em a chave que permite ao iniciado compreender o objectivo do verdadeiro trabalho da verdadeira Arte Real.
Não é possível passar ao lado da riquíssima simbologia que existe neste elemento pedagógico que é o Templo, nem da generosidade da maçonaria que tudo coloca ao alcance daqueles que estão a dar os primeiros passos nas suas Oficinas.
É esta conduta de Amor, profundamente atípica no mundo profano, que pretende evitar que aqueles que iniciam o caminho maçónico errem no rumo que devem tomar, porque sabemos que um I\ que se extravie na escuridão da noite profana muito dificilmente reencontrará o caminho de volta que lhe permita reorientar a sua marcha, e isto é algo que já ocorreu com vários II\.
As simbologias do Templo traçam, claramente, uma linha divisória que separa a Maçonaria Regular da pseudo-maçonaria, ou o que quer que lhe chamem, divisória essa que nos permite compreender que a Maçonaria trabalha com e A\G\D\G\A\D\U\ que é, na realidade, quem preside ao trabalho dos Obreiros em L\, enquanto que a pseudo se vê limitada à parte física da condição humana.
A Maçonaria Regular desenvolve-se nas imprescindíveis dimensões Física e Espiritual, enquanto a pseudo fica agarrada à carnalidade do ser humano e apenas trabalha no plano do natural.
A verdadeira Maçonaria é uma carta de navegação encriptada que o G\A\D\U\ permite que a decifrem todos os que amam e têm a coragem de iniciar a viagem até ao centro de si mesmos, com todos os perigos que isso representa, mostrando-lhes assim o Caminho de regresso a Casa.
Está em cada um de nós tomar a decisão de seguir tal caminho ou outro, no pleno exercício do livre arbítrio que nos foi concedido.
Disse.
Traçada em Luanda aos 26 dias do sexto mês de 6 016

ARS    MM\

08 agosto 2016

"O Ramo da Acácia" (republicação)

Hoje trago-Vos um texto "antigo" de 2007 saído da mão do José Ruah que aborda um dos símbolos mais importantes da Maçonaria, a Acácia.
No texto que abaixo republico e que pode ser consultado no seu original aqui, o José dá a sua opinião sobre esta madeira e a sua simbologia na Maçonaria.

"O Ramo de Acácia"

Quem me conhece sabe que não sou dado a grandes explicações simbólicas, nem tão pouco tenho seguido a via do esoterismo.

Acredito que as coisas têm um fundamento e que esse fundamento poderá ser encontrado na História, nos Usos e Costumes, ou em Livros Sagrados.

O que fazemos com as coisas pode derivar da interpretação dada, tenha ela sido a mais correcta ou não, ou simplesmente diferente.

Hoje decidi pegar na Acácia.

A Maçonaria elegeu como um dos seus símbolos a Acácia, outros, e apenas a título de exemplo, são o Esquadro e o Compasso.

Porquê a Acácia e não o Cedro? Sabemos pela tradição e pela História que estas madeiras foram usadas no Templo de Salomão, base simbólica da Maçonaria Especulativa tal como a conhecemos actualmente.

Aliás o Cedro é muito mais mencionado como material de construção do Templo que a Acácia, mas não é utilizado na simbologia Maçónica.

E a Acácia, ou mais propriamente o Ramo de Acácia (Inglês: Sprig; Francês: Rameau) passou a ser claramente um símbolo.

As primeiras referências à Acácia aparecem no Antigo Testamento no Livro do Êxodo. Aqui Deus determina que será esta a madeira e não outra a que será utilizada para a construção da Arca a Aliança onde estão depositadas as Tábuas da Lei, bem como para a construção da mesa Para os Pães da Preposição e outros objectos de culto utilizados naquele que foi na verdade o primeiro Templo.

Não um templo de pedra como o que o rei Salomão constrói ( ou manda construir), mas um templo móvel que era erguido nos acampamentos do Povo Judeu.

A estrutura deste Templo Móvel é depois emulada por Salomão para a construção do Templo em Jerusalém, respeitando as proporções e os compartimentos. Nesse Templo foi depositada a Arca da Aliança e os demais objectos de culto.

Ora o Templo era revestido a cedro, mas os Objectos de Culto em Acácia.

O termo hebraico é Shittah e pensa-se que referencia a espécie de Acácia hoje conhecida por Nilotica ou Seyal. Sendo que na região também existem a Albida, Tortilis e Iraqensis.

Mas esta referência é à madeira de Acácia. Todavia como já disse antes o Símbolo é o Ramo de Acácia.

E as referencias ao Ramo de Acácia aparecem também relacionadas com os Hebreus, mas não com o Templo.
De entre as tribos do Povo Judeu uma originou a linhagem dos Sacerdotes. Primeiro no Templo móvel e depois no Templo de Jerusalém. Ora por uma questão religiosa estes Sacerdotes não podiam aproximar-se de cadáveres humanos e por consequência das respectivas campas.

Na altura os cemitérios não estavam tão organizados como actualmente e os defuntos eram inumados nos terrenos fora das cidades mas muitas vezes sem critérios de localização. Ora isto representava um problema para os Sacerdotes pois para cumprirem os preceitos religiosos tinham que saber onde estavam essas campas.

Como sabemos a Acácia é considerada em muitos sítios uma praga, pois precisa de poucos recursos para viver e em caso de incêndio é a primeira planta a aparecer, não deixando que as espécies autóctones voltem e assim causando desequilíbrios ambientais.

Esta característica seguramente levou a que as campas passassem a ser marcadas com um Ramo de Acácia para assim serem facilmente reconhecidas pelos Sacerdotes.

Daqui à Lenda de Hiram é um passo, pois a lenda situa no espaço e no tempo a estória da morte de Hiram , espaço e tempo que são os que acabo de referir , Jerusalém na época da construção do templo.

Na Lenda Hiram é assassinado e o seu cadáver enterrado fora da cidade para encobrir o crime. Todavia a regra mandava marcar a sepultura com um Ramo de Acácia.

Temos aqui a ligação.

Hoje o ramo de acácia continua a ser usado como símbolo, sendo que e tanto quanto consegui perceber é o Ramo da Acácia Nilotica ou Seyal, ou eventualmente o da Acácia Robinia.

Ficam aqui as imagens de cada um deles e cada um de vós que tire as conclusões.
Acacia Nilotica
Acacia Robinia
JoseSR

11 julho 2016

Pavimento Mosaico (republicação)

Hoje venho fazer a republicação de um texto da autoria do Rui Bandeira e que versa sobre o Pavimento Mosaico, uma das componentes mais importantes de um Templo Maçónico.
Para além do texto poder ser consultado no seu original farei a sua republicação nas linhas abaixo...

"Pavimento Mosaico

Em todas as Lojas maçónicas regulares está presente, em todo ou em parte do solo da sala onde ocorrem as sessões de Loja, um pavimento mosaico, constituído por um conjunto de quadrados brancos e negros, colocados alternadamente entre si. 

O símbolo remete claramente para a dualidade - mas também para a harmonia entre os opostos. Cada quadrado de uma das cores está rodeado de quadrados da outra cor. É assim frequente referir-se ao recém-iniciado que o pavimento mosaico representa a sucessão entre os dias e as noites, o bem e o mal, o sono e a vigília, o prazer e a dor, a luz e a obscuridade, a virtude e o vício, o êxito e o fracasso, etc.. Mas também a matéria e o espírito como componentes do Homem. Ou, simplesmente, recordar que, como resulta da lapidar equação de Einstein, a matéria é composta por massa, mas também por energia.

O dualismo provém de antigas tradições humanas. A civilização suméria dotava os seus templos de piso em pavimento mosaico, que só podia ser pisado pelo sacerdote no mais alto grau da hierarquia e só em dias de eventos importantes. Convencionou-se que o Santo dos Santos do Templo de Salomão teria um pavimento mosaico. 

A filosofia pitagórica postulava que o UM se transformava em DOIS refletindo-se a si próprio e separando-se, original e reflexo, sendo assim o UM o princípio criador estático e o representando o DOIS a dinâmica da Criação. A interação entre o UM e o DOIS gerou o TRÊS, a Criação. Esta resultou, assim, da interação entre o estático e o dinâmico. 

De onde resulta que a dualidade é fecunda, que é necessária a presença da dualidade para haver criação. Mas resulta ainda mais do que isso: não basta que exista dualidade, tem que haver interação entre os opostos para que a criação aconteça. Não bastam dois opostos estáticos; é necessário que esses dois opostos sejam dinâmicos e interajam entre si. Não basta, assim, a dualidade, é necessária a polaridade.

O pavimento mosaico recorda-nos assim que a vida é feita de contrastes, de forças opostas que se influenciam entre si, e que é através dessa influência mútua que ocorre a mudança, o avanço, a evolução. No fundo, a antiga asserção de que toda a evolução se processa através do confronto entre a tese a a antítese, daí resultando uma síntese, que passa a constituir uma nova tese, que se defrontará com outra antítese até se realizar uma nova síntese, que é um novo recomeço, assim e assim sucessivamente numa perpétua evolução...

Assim sendo, o que tomamos por mal, por desagradável, o que procuramos evitar, sendo-o assim, não deixa, porém, de ser necessário - pois é do confronto desse mal com o bem, do que queremos evitar com o que gostaríamos de conservar, daquilo que nos desagrada com aquilo que nos conforta, que resulta avanço, mudança, tendencialmente progresso (tendencialmente, porque nada se deve tomar como garantido: por vezes, a mudança mostra-se retrocesso...).

Nesse sentido, o bem, por si só é estático e estéril. O bem só evolui em confronto com o mal. É desse confronto entre ambos que resulta algo, é esse confronto bipolar que é fecundo. Aliás, em bom rigor, só podemos definir o bem em confronto com o mal, tal como necessitamos da sombra para bem apreender o que é a luz... Se Adão permanecesse no Paraíso, ainda hoje Adão seria Adão e nada mais do que Adão, feliz com sua nudez, mas inapelavelmente boçal. Foi o mal da expulsão do Paraíso que obrigou Adão a deixar de ser mera criatura e passar a ser homem; ou seja, a Humanidade só evolui porque sempre necessitou de se confrontar com o perigo, com a fome, com a necessidade, em suma, com o mal, e teve de superar todos os sucessivos obstáculos para atingir sucessivos patamares de bem, de satisfação, sempre confrontada com novos perigos, obrigando a novas superações. É ao superar os sucessivos obstáculos com que se depara que o Homem se supera a si mesmo.

O Pavimento Mosaico não é um espaço estático. É um caminho, com luzes e sombras, com espaços agradáveis e veredas desagradáveis, com seguranças e perigos. Ficar num quadrado branco e dele não sair não leva a lado nenhum... É necessário enfrentar a dualidade com que nos deparamos, suportar a polaridade inerente a tudo o que nos rodeia e, afinal, inerente a nós próprios e... fazer-nos à vida! Se tomarmos mais opções certas do que erradas, teremos mais sínteses brancas do que negras e desbravaremos um caminho de avanço. Se ou quando (porque é quase que inevitável que esse quando, muito ou pouco, cedo ou tarde, sempre apareça...) enveredamos por opções erradas, acabamos por cair em sombria síntese e deparar com retrocesso e não com o desejado progresso. Mas ainda assim, a solução não é ficar onde se foi parar, com receio de novo retrocesso: é prosseguir com nova síntese, efetuar nova opção, desejavelmente que se revele boa, para melhor sorte nos caber. E assim, em perpétuo movimento, em contínua progressão de inesgotáveis sínteses, o homem avança desde a sua tese inicial até à sua derradeira síntese... que, do outro lado da cortina descobrirá que não foi um fim, mas apenas um novo recomeço, uma nova tese para, noutro plano, se confrontar com fecunda antítese...  

Um simples pavimento mosaico serve de ponto de partida para a mais profunda especulação. Basta atentar e meditar e estudar e trabalhar dentro de si mesmo, juntando a intuição à razão (outra dualidade; ou melhor, polaridade, de fecunda potencialidade...). O Pavimento Mosaico, se atentarmos na sua perspetiva dinâmica, recorda sempre ao maçom  que o principal do seu trabalho não se efetua na Loja, na execução do ritual, na realização de tarefas de Oficial, na discussão de pontos de vista. O principal do seu trabalho faz-se no confronto de si consigo próprio, no uso frequente e equilibrado das duas grandes ferramentas de que dispõe  naturalmente, a sua Razão e a sua Intuição, para trilhar sozinho os seus caminhos (e descobrir que, afinal, encontra frequentemente outros nos cruzamentos a que vai chegando). Por isso, o maçom deve reservar sempre uma parte do seu dia para efetuar a mais fecunda atividade que pode efetuar: pensar, meditar, especular. Tem as ferramentas. Só precisa de as usar. Dia a dia. E quanto mais as usar e quanto mais frequentemente as usar, mais fácil é esse uso, mais gratificante é o seu trabalho. Também dentro de cada um de nós há um pavimento mosaico, disponível para o percorrermos e nele ir tão longe quanto cada um quiser e puder!

Rui Bandeira"