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30 janeiro 2017

"Arte Royal"...


Na publicação de hoje, trago para Vossa leitura algo um pouco diferente do que é habitualmente publicado por cá, ou seja, hoje "verá aqui a Luz" um pequeno poema de minha autoria.
"Arte Royal"

Era de noite...
e debaixo de uma acácia que me era conhecida
eu repousava.
Reparei que na abóbada celestial flamejava uma estrela,
e que por ser tão bela, certamente que, seria obra de um sapiente geómetra. 
Que com a força do seu punho a cinzelou e no céu a estabeleceu...

É nestes momentos, de rara nostalgia, e vislumbrando a natureza que me rodeia,
que sinto que quase não sei ler nem escrever,
e que dificilmente conseguirei soletrar o quer que seja...
Ou não fossem as palavras que ficam, por vezes, por dizer, 
serem tantas como as espigas dos nossos campos;
e que por isso, por vezes, me parece que a carne se me desprega dos ossos...

Depois, acordei e vi que a luz me inundava o quarto
e que tudo tinha sido um mero sonho.
Um sonho bom...


24 junho 2009

O sítio do poeta que é Grão-Mestre

Ser Grão-Mestre da GLLP/GLRP não impede Mário Martin Guia de manter a sua atividade de criação.

Maçonaria é também amor pela cultura.

Mário Martin Guia é, além de um homem (muito) bem humorado, um poeta bem disposto. Vale a pena lê-lo. E agora nem sequer é preciso ir procurar e adquirir os seus livros. Conforme a informação abaixo, Martin Guia criou o sítio www.martinguia.com, onde, além de poder ler e ouvir alguns dos seus poemas, pode descarregar os livros que até agora publicou.




Do texto de divulgação do sítio:

Informamos que o nosso I:. Mário Martin Guia tem desde o dia 10 de Junho o Site "www.martinguia.com" onde poderão encontrar todos os livros que já publicou completos e no formato em que foram editados. Se quiser um dos livros bastará fazer o seu download.

Contém também poemas seus ditos por diversos poetas e uma secção de foto poemas com fotografias tiradas pelo autor acompanhadas de poemas que as mesmas suscitaram.

Além destas Secções tem uma outra para poemas de Amigos do Autor disponível para qualquer Irmão que deseje fazer a divulgação da sua Obra, bastando para o efeito contactar Francisco Queiroz (francisco.queiroz@martinguia.com) para que no Site seja aberta uma Secção Específica encabeçada pela respectiva fotografia.

Qualquer comentário poderá ser recebido de volta clicando em Comentários.

Quem quiser receber a notificação das novidades do Site deve registar-se para o efeito (ver Front Page).

Rui Bandeira

21 março 2008

21 da Março - POESIA (?)


Depois de tanto tempo, para o A-Partir-Pedra foram séculos (!), de ausência conjunta dos "posteiros" domésticos parece-me que seria excessivamente excessivo (!) não termos hoje, aqui, ao menos um cheirinho de poesia, neste dia que se resolveu para recordar os poetas (?) e que é simultâneamente o "Dia da Árvora" e o primeiro da Primavera...
É certamente o dia ideal para comemorar a "Prima Vera"... mas sendo essa uma comemoração demasiadamente terrena e material entenderam os nossos "maiores (?)", salvo sejam, dedicar este dia a algo bem mais espiritual que é a poesia.
Mais espiritual quando é, porque sei de alguns "poetas" que andam por aí e que são tão calhordas que não há poema que os salve.
Depois temos também o dia da árvore. Cá por mim faço o que posso, ou seja, não faço fogo na floresta e ontem plantei duas árvores. Bem, aqui para nós não foram mesmo duas árvores, antes duas plantinhas que, se pegarem, serão trepadeiras.
Mas também este acaso tem a ver com o dia porque também conheço por aí algumas trepadeiras que não interessam a ninguém. Veremos se as minhas pegam e dão algum gozo a quem vier a olhar para elas.

Posto este intróito, aqui Vos deixo algumas pérolas, mais conhecidas umas, certamente menos outras, mas interessantes todas.

A POESIA
I
Correu vales e montes a mentira,
Montada no corcel da fantasia…
Mas ela vai cair, pressente o dia
Em que há-de sucumbir, bufando em ira.
Que lhe teça a mortalha a nossa Lira,
Que seja a sua morte a poesia!...

II
E, em vez de se cantar a formosura
Da mulher elegante e de bom porte;
Cante-se quem motivou a desventura
Daqueles que merecem melhor sorte
- E que, cavando a própria sepultura,
Buscando a vida, só acham a morte!...

(António Aleixo)


OS PÉS AFASTADOS

Os pés afastados,
as coxas em cunha,
joelhos levantados,

a emoção desperta,
a boca entreaberta,

os olhos sem ver,
o corpo a tremer,
a cheia que vem…

… e foi assim,

no início e no fim,

que tu foste mãe!

(Martin Guia)

QUERIA

Queria viver dos teus beijos.
Queria viver do teu ar.
Queria sentir teus desejos.
Queria sentir teu amar.

Queria, queria, ó se queria,
Saber o que sentes por mim.
Para sentir que sentiria,
Que o amor não terá fim.

(Miguel Roza)

De “HANGAR DE SONHOS”

Cheguei há pouco à minha Ilha do Recolhimento. O navio que me trouxe regressa
agora. Já o vejo na busca sem fim do seu novo horizonte. Não aceitei retirar as minhas
malas. Os meus laços com a memória. Não tem valia nem uso a bagagem que trazemos no porão quando aportamos à nossa Ilha do Recolhimento. A pergunta deixou de ser “Quem
sou ? para passar a ser Quem serei? Nem sequer identifico o que sinto. O navio que me
trouxe já não se avista do porto desta ilha onde me encontro. A minha Ilha do Recolhimento.
Sou aqui para sempre!

(Mário Máximo)

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

(Fernando Pessoa)


Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo que sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

(Forbela Espanca)

SONETO
Meus dias de rapaz, de adolescente,
Abrem a boca a bocejar, sombrios:
Deslizam vagarosos, como os Rios,
Sucedem-se uns aos outros, igualmente.

Nunca desperto de manhã, contente.
Pálido sempre com os lábios frios,
Ora, desfiando os meus rosários pios...
Fora melhor dormir, eternamente!

Mas não ter eu aspirações vivazes,
E não ter como têm os mais rapazes,
Olhos boiados em sol, lábio vermelho!

Quero viver, eu sinto-o, mas não posso:
E não sei, sendo assim enquanto moço,
O que serei, então, depois de velho.

(António Nobre)

BUSQUE AMOR NOVAS ARTES

Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.

(Luís de Camões)


JPSetúbal

31 janeiro 2008

O Lançamento de "As Pedras do Vau"


Ocorreu ontem a sessão de lançamento do livro de poesia As Pedras do Vau, da autoria de Martin Guia, o actual Grão-Mestre da GLLP/GLRP.

A Sala de Ambito Cultural do El Corte Inglés foi demasiado pequena para acomodar as centenas de interessados que compareceram. No decorrer da sessão, vários dos poemas do livro foram ditos por Carmen Filomena, daniel Ribeiro, Ellys Almeida, Eunice Santos, Francisco Queiroz, Hermínia Tojal, José Fanha e Mário Máximo, as vozes que declamam todos os poemas do livro, disponíveis em 2 CD's que acompanham o volume. As Pedras do Vau podem, ser lidas ou ouvidas, ou ainda simultaneamente lidas e ouvidas. A qualidade das declamações muito valoriza os textos.

Como eu previa, Martin Guia deve hoje estar em trabalhos de recuperação dos músculos do braço e mão direitos, tantos foram os autógrafos que teve ontem de conceder.

Os poemas do livro espelham a sensibilidade e afectuosidade do poeta, mas também o seu sentido de humor e a sua ironia e ainda a força da sua indignação. Vale bem a pena ler - e ouvir - este livro!

Solicitei, e obtive, de Martin Guia autorização para aqui publicar um dos poemas. Pedi-lhe que escolhesse qual. Escolheu um forte poema com palavras de amarga e desiludida indignação. Hesitou. Temeu que seja demasiado forte. Deu-me a liberdade de escolher eu. Abuso! Vou publicar aqui, não um, mas dois poemas. Primeiro, um escolhido por mim, ilustrativo da ironia do poeta. Depois, o forte poema que ele escolheu.

Apreciem:

Ajoelham, rezam

Ajoelham, rezam
e dizem que tudo dão
para irem parar ao Céu...

mas se lhes dissermos
que quase já lá estão,

gritam Ai Jesus

e fogem dele

como o Diabo da Cruz!

E agora este:

Atocha

El Pozo, Santa Eugenia, ATOCHA, Téllez
Madrid dois mil e quatro, Março onze,
a las siete y media de la mañana...,

Tantos, tantos mortos!

Paseo de Gracias,
Barcelona, dois mil e quatro, Março doze,
a las siete de la tarde

concentração..., comigo somos
quinhentos mil mais um milhão...

... ouvindo:

silencio por favor...
esta es una manifestación unitaria
por favor, silencio... silencio por favor!

Quanto mais silêncio se rogava
mais o Povo gritava:

asesinos, asesinos, asesinos,
asesinos, asesinos, asesinos...

e porque de assassinos se tratava
nesse estrondoso silêncio
mais o Povo gritava:

hijos de puta, hijos de puta,
hijos de puta, hijos de puta...

porque de filhos de puta se tratava!

Também alguns tímidos (para alguns ex-temidos):

el povo unido jamas sera vencido,
el povo unido jamas sera vencido.

A eterna pretensão do eterno vencido!

No al terrorismo, no al terrorismo,
paz si, guerra no, paz si, guerra no,
No al terrorismo, no al terrorismo,
paz si, guerra no, paz si, guerra no,

como se
no abismo deste mundo de massa divisível
a paz total fosse possível...

Novos, velhos, ricos, pobres,
políticos, padres, freiras,
guardas civis, estadistas,
paralíticos, juristas, rameiras,
licenciados, jubilados,
bem fadados, mal fadados...

... todos...

mãos abertas a acenar, braços levantados,
... tais pombas de paz...

num estertor de revolta
a chorar um isto não se faz,

seus filhos da puta... isto não se faz!

Todos unidos, mas já todos desunidos,

na triste graça
de só na desgraça nos aliarmos...
...enquanto dela nos lembrarmos!

E é por estas e por outras que temos na Terra

a merda da guerra,

a puta da luta

e os filhos da puta dos filhos da puta!

Lido, este poema impressiona. Soberbamente dito por José Fanha, num dos CD's, ressuma de força!

O livro e os dois CD's foram editados pela editora Diário de Bordo. Pode ser adquirido na secção de livraria do El Corte Inglés e nas boas livrarias. Vale a pena! Esta amostra é elucidativa!

Rui Bandeira

28 janeiro 2008

As pedras do vau


O Muito Respeitável e Respeitado Grão-Mestre da GLLP/GLRP, o nosso querido Irmão Mário Martin Guia, vai publicar mais um livro de poesia.

O seu título, já o leram acima, é As pedras do vau e o seu lançamento vai ocorrer na próxima quarta-feira, dia 30 de Janeiro, pelas 18 horas e 30 minutos, na Sala de Âmbito Cultural, situada no piso 7 do espaço comercial El Corte Inglés, em Lisboa.

O Muito Respeitável Grão-Mestre da GLLP/GLRP é um poeta, um maçon e, em ambas as qualidades, um homem do século XXI. O seu livro, para além dos habituais textos impressos, contém também dois CD's com todos os poemas.

Uma boa decisão: a poesia de Mário Martin Guia pode assim ser apreciada, quer calmamente sentados no sofá e folheando o livro, quer em frente ao monitor do computador, clicando com o "rato". O Mário realmente não quer que nos falte nada!

Se nenhum impedimento de última hora não sobrevier, quarta-feira lá estarei e, como eu, certamente muitos outros. O Mário vai ficar com a mão cansada de tantos autógrafos que vai ter de dar...

Apareçam. Estão todos convidados!

Rui Bandeira

05 dezembro 2007

Mário Máximo: Poeta, Homem de "Culturas" e Administrador da Odivelcultur

Meus Queridos Amigos, Leitores, Co-Blogueiros e demais bichos em vias de... propagação, esta passagem é assim como que ... uma rapidinha, só para Vos pôr a par de uma obra nova de um Amigão, poeta da Nossa Terra !

Isto t'á mau e vai uma crise enorme com o tempo (embora tenhamos à disposição todo o tempo que existe !).
Sorte a Vossa que não têm que me aturar.
Agora aqui vai o que me traz.

Quinta-Feira, dia 6 de Dezembro de 2007, pelas 18.30, na Livraria Barata da Av. de Roma: lançamento do livro DIÁRIO DE UMA ILHA DISTANTE, da autoria.de Mário Máximo, poeta, homem de "culturas" e Administrador da Malaposta.A jornalista MARIA AUGUSTA SILVA fará a apresentação.

"... Diário de uma Ilha Distante é a história de um imponderável amor. Um amor que merece as estações, todas as estações, que lhe dão forma. Aliás, um amor não é mais do que a sua história. Se não houver história não há amor digno desse nome. Pela primeira vez, na minha obra, um livro de poemas é a história de um amor. Ou será a história da metáfora (da metafísica poética) de um amor ? Talvez seja apenas um amor simbólico.
... Com este Diário de uma Ilha Distante criei mais um arquétipo dentro de mim. Através da poesia posso percorrer todos os caminhos e chegar atodos os jugares. Mesmo aos lgares onde só existe o poder da metáfora !"
Mário Maximo (excerto da Nota do Autor)


CONVITE

A Editora SeteCaminhos tem o prazer de convidar V.Exa.
para a apresentação do livro
Diário de Uma Ilha Distante
de Mário Máximo.
A sessão terá lugar no dia 6 de Dezembro de 2007 pelas 18h 30m,
na Livraria Barata na Av. de Roma, nº 11-A em Lisboa.
A apresentação do livro fica a cargo da jornalista e escritora
Maria Augusta Silva.

Contamos com a sua presença.


Mário Máximo nasceu em 19 Setembro de 1956, na cidade de Lisboa. A sua vida repartiu-se por Olival Basto (até aos sete anos), Lisboa (até aos trinta e cinco) e Odivelas, onde reside há mais de uma década. Desde bastante cedo ligado às questões da literatura e da criatividade literária, deram os jornais a conhecer muitos dos seus poemas, mas também o conto e a crónica. O guionismo para televisão tem sido outra das suas ocupações. Em 1986 publicou o primeiro livro: um livro de poemas. Desde então, sucederam-se mais cinco livros de poemas e um romance. Em 1999 o Instituto das Bibliotecas e do Livro atribuiu-lhe a Bolsa de Criação Literária, pelo projecto de poesia Oração Pagã.


JPSetúbal

12 maio 2007

João Vilarett fez anos no dia 10 de Maio




Este rosto aparentemente meio gordinho pertence a um personagem que realmente era mesmo um tanto gordinho, personagem quase completamente esquecido dos portugueses com menos de 50 anos.

E no entanto a João Vilarett devemos em grande parte o conhecimento dos mais importantes poetas de língua portuguesa.

Não foi poeta, mas disse poesia como ninguém até hoje (e recordo Manuel Lereno e Mário Viegas que foram grandes, mesmo muito grandes... só que Vilarett nesta matéria foi enorme !).

Quem o ouve dizer José Régio tem que sentir a pele encrespar-se. Quem o ouve contar a história da "Menina Gorda" tem que sorrir e comover-se.

Por mais simples que fosse o texto, João Vilarett transformava-o num hino aos sentidos, aprofundava-o ao ponto que ninguém imaginaria possível, descobria-lhe uma humanidade muitas vezes insuspeita antes dele a pôr a descoberto. E no entanto não tem direito nem a uma mençãozinha, ranhosa que seja, nos livros escolares do nosso ensino, miserável, da língua portuguesa. Mau grado os responsaveis (?) pela matéria falarem, despudoradamente, alto e bom som, na língua de Camões. Como se Camões alguma vez tivesse escrito ou falado esta língua ! Como se João Vilarett alguma tivesse dito "esta língua"!

Chegou ao meu correio um texto ao qual não há que acrescentar nada e que portanto transcrevo em directo, nesta recordação que, em memória de Portugal, entendi dever fazer. A minha opinião é a de que os mais velhos têm a obrigação de não deixar esquecer o que de melhor este País (800 anos de existência e todas culturas) que se chama PORTUGAL teve (tem !) e que a geração de "responsáveis" (?) actual faz o que pode para apagar.









Ele dizia poesia como ninguém. É sobretudo por isso que é recordado. João Villaret foi actor de teatro e de cinema e apresentou programas de televisão. Morreu aos 48 anos mas, neste quase meio século de vida, fez com que uma nação se apaixonasse pelos poetas nacionais. Sobretudo Fernando Pessoa. Mas não só: “Muita gente ouviu falar pela primeira vez de José Régio através de João Villaret”, afirma o historiador Vítor Pavão dos Santos. Quando, no final da década de 50, a televisão se tornou a nova religião, Villaret surgiu como um profeta. Todos os domingos, religiosamente, prendia as pessoas ao pequeno ecrã.

João Henrique Pereira Villaret nasceu em Lisboa em 10 de Maio de 1913. Viviam-se os anos revoltos da I República, quando Portugal ainda buscava o seu rumo. João, por seu lado, não teve de procurar muito. Já trazia no sangue a vontade e a capacidade de encantar o público em cima de um palco. Foi actor, encenador e declamador. Foi uma fera dos palcos. O seu percurso demonstra que obras superlativas têm poder de reverter expectativas e derrubar barreiras consideradas intransponíveis. Depois de frequentar o Conservatório Nacional, começou por integrar o elenco da companhia de teatro lisboeta Rey Colaço-Robles Monteiro. Mais tarde, fez parte da companhia teatral Os Comediantes de Lisboa, fundada em 1944 por António Lopes Ribeiro e o seu irmão Francisco, mais conhecido por Ribeirinho. A mesma dupla de irmãos já fora responsável pelo êxito do filme “O Pai Tirano” (1941), onde Villaret faz uma breve aparição como pedinte mudo. Seguem-se “Frei Luís de Sousa” (1950) e “O Primo Basílio” (1959). No cinema, João Villaret trabalhou ainda com Leitão de Barros em filmes como “Inês de Castro” (1944) e “Camões” (1946). Ficou também na memória de quem viu a peça “Esta Noite Choveu Prata”. E quem não assistiu, vive hoje das descrições apaixonadas dos que lá estiveram. No extinto Teatro Avenida, em Lisboa. Corria o ano de 1954. Se, nos anos 30, o cinema se tornara “pouco a pouco um vício”, segundo afirmava na época a revista “Ilustração”, no final dos anos 50 é a televisão que vem ocupar o seu lugar. É assim que nascem estrelas como João Villaret. A experiência que adquirira no palco e em cinema, assim como em programas radiofónicos, faz do seu programa de televisão um êxito. Aos domingos era impreterível vê-lo declamar, com graça e paixão, poemas dos maiores autores nacionais. “Na televisão, teve um papel muito importante na divulgação dos grandes poetas portugueses, sobretudo Fernando Pessoa e António Botto, que eram amigos dele”, lembra o historiador Vítor Pavão dos Santos. E acrescenta: “Conseguiu pô-los em contacto com o público.” João Villaret soube ir mais longe e, em conjunto com Aníbal Nazaré e Nelson de Barros, deu origem à canção “Fado Falado”, onde se afirmava: “Se o fado se canta e chora, também se pode falar.” Criava-se um estilo. De mão no peito e olhar fixo na câmara, prendia as famílias ao pequeno ecrã. Era um homem grande, volumoso. Mas maior ainda era a sua arte. “Um grande português é alguém que foi capaz de colocar as suas qualidades intelectuais e morais ao serviço do país onde nasceu”, diz a actriz Maria do Céu Guerra. Não se refere a Villaret, mas a definição adequa-se. João Villaret morreu, aos 48 anos, em 21 de Janeiro de 1961. “Tocam os sinos na torre da igreja”… Ainda era a sua voz que se ouvia, a “cantar” o poema “Procissão” de António Lopes Ribeiro. “Na nossa aldeia, que Deus a proteja, já passou a procissão”, terminava. “Villaret tinha rara capacidade de lidar com o público e fez grande divulgação dos poetas. Isso foi muito importante”, conclui Vítor Pavão dos Santos.

(Texto com origem no programa "Os Grandes Portugueses" da RTP)
.
JPSetúbal







01 fevereiro 2007

O Verdadeiro Segredo Maçónico


O verdadeiro Segredo Maçónico...
É um segredo de vida
E não de ritual
E do que se lhe relaciona.
Os Graus Maçónicos comunicam àqueles que os recebem,
Sabendo como recebê-los,
Um certo espírito,
Uma certa aceleração da vida
Do entendimento
E da intuição,
Que actua como uma espécie
De chave mágica dos próprios símbolos,
E dos símbolos
E rituais não maçónicos,
E da própria vida.
É um espírito,
Um sopro posto na Alma,
E, por conseguinte,
Pela sua natureza,

Incomunicável

Fernando Pessoa

O Poeta escreveu com uma tal lucidez, uma tão esclarecedora clareza, um tão ofuscante brilho, que um simples escrevinhador de textos nada mais tem para acrescentar. Limita-se a extasiar-se e a partilhar com os demais o seu encantamento!

Rui Bandeira

18 janeiro 2007

Caminho esotérico

Há já algum tempo, em 8 de Novembro do ano passado, dei aqui conta do lançamento do livro de Miguel Roza Salpicando Poesia. Nele, o autor precede cada poema de um texto, que o introduz e enquadra.

Miguel Roza deu autorização para aqui publicar um dos poemas do livro e respectivo texto prévio. Foi escolhido o conjunto, criado em Julho de 2003 cujo poema se intitula Caminho esotérico.
É bom estar em Cabanas. Tenho períodos de repouso e sossego. Dá-me tempo para estar e pensar. Revejo-me. Analiso-me. Estudo-me. As pessoas não podem viver só para o exterior. Não. A auto-introspecção é necessária para a auto-construção. Esta nossa vida em corridas profissionais, trabalhos feitos e por fazer, preocupações económicas, pedidos de ajuda de todos os lados, etc. etc., obrigam-nos a esquecermos-nos de nós próprios. É importante ter tempo para pensar. Ter tempo para a reconstrução do nosso próprio edifício interior, que se vai autodestruindo sem nós darmos por isso. Parem, por amor de Deus, de vez em quando. Ponham novamente no seu lugar as pedras que se desmoronaram. Salvem uma vez mais o vosso edifício. Tentem ser minimamente humanos em toda a acepção da palavra.
Ainda resta tempo para tal!

CAMINHO ESOTÉRICO
1
Estarei eu fadado para ser
O herdeiro duma herança perdida?
Do poeta de quem o "saber"
Foi pesquisa de toda a vida.
2
Percorro a senda do seu Graal
Por ínvios caminhos do saber.
Só que o Graal supremo, do astral,
Só de alguns é dado a sorte ter.
3
Quero, como tantos, saber ter
O saber que poucos alcançaram.
O Templo que quero conhecer,
É a Luz que de mim levaram.
4
Sem a Luz, o Caminho é obscuro.
Agarro-me às sendas do passado.
Ó Deus, se Deus existe no futuro?
Leva-me para viver a teu lado.
Eis como em poesia se escreve que o Caminho para a Luz passa pelo nosso próprio interior!
Rui Bandeira

14 novembro 2006

Hangar de Sonhos - Odes Brancas

É o título do livro que Mário Máximo agora publica, através da editora Sete Caminhos, e que vai ser apresentado amanhã, 15 de Novembro, pelas 18 h 30 m, na Livraria Bertrand do Vasco da Gama, em Lisboa. A apresentação será efectuada pelo escritor Ernesto de Melo e Castro.


Mário Máximo
nasceu em 19 Setembro de 1956, na cidade de Lisboa. A sua vida repartiu-se por Olival Basto (até aos sete anos), Lisboa (até aos trinta e cinco) e Odivelas, onde reside há cerca de uma década.

Desde bastante cedo ligado às questões da literatura e da criatividade literária, deram os jornais a conhecer muitos dos seus poemas, mas também o conto e a crónica. O guionismo para televisão tem sido outra das suas ocupações. Em 1986 publicou o primeiro livro: um livro de poemas. Desde então, sucederam-se mais cinco livros de poemas e um romance: Um Milhão de Anos, editado por Perspectivas & Realidades em 1986 – Poesia; Meridiano Agreste, editado por Tertúlia Editora em 1991 – Poesia; Hedonista, editado por Tertúlia Editora em 1994 – Poesia; Paisagens da Utopia, editado por Tertúlia Editora em 1996 – Poesia; A Ilha, editado por Hugin Editores – Romance; Arte Real, editado por Hugin Editores – Poesia; Oração Pagã, editado por Hugin Editores – Poesia.

Mário Máximo exerce presentemente as funções de Presidente do Conselho de Administração da Odivelcultur, empresa municipal que assegura a gestão de três equipamentos culturais no concelho de Odivelas, distrito de Lisboa, o conhecido Centro Cultural da Malaposta, o Centro de Artes e Ofícios e o Auditório Municipal da Póvoa de Santo Adrião.

Homem de cultura, mas também homem da vida prática, da gestão de equipamentos culturais, tem vindo regularmente a publicar a sua poesia.

O lançamento deste seu último volume é, assim, pretexto para conhecer e contactar com o poeta gestor. Uma boa oportunidade a aproveitar por quem se puder deslocar à Bertrand do Vasco da Gama.

Rui Bandeira

08 novembro 2006

Salpicando Poesia

Amanhã, dia 9 de Novembro, no Grémio Literário, na Rua Ivens (ao Chiado), em Lisboa, pelas 18 h 30 m, o Dr. Miguel Roza (de pé, na fotografia, proferindo uma palestra a convite do Elos Clube de Lisboa) procede ao lançamento do seu novo livro, Salpicando Poesia.

Miguel Roza já anteriormente publicara uma bem humorada colectânea de narrativas, De médico e de louco de tudo um pouco e um livro a propósito de Fernando Pessoa, Encontro Magick: Fernando Pessoa / Aleister Crowley, com os quais partilhou com os leitores a sua experiência em dois aspectos distintos da sua vida: a sua carreira profissional de médico e o seu parentesco com Fernando Pessoa, de quem é sobrinho.

Agora lança um livro de poesia. Publicado por um sobrinho do maior expoente da Poesia portuguesa do século XX, só pode provocar interessada expectativa.

Por mim, tenciono estar amanhã no Grémio Literário! Não perderá o seu tempo quem como eu fizer.

Rui Bandeira

09 julho 2006

Lançamento de livro de Martin Guia


Vai ser lançado na próxima terça-feira, dia 11 de Julho, pelas 18h 30 m, na Livraria Bertrand, no Centro Comercial Vasco da Gama, em Lisboa, o livro de Martin Guia Fios invisíveis em canteiros de pedra, com a presença do autor.

Este livro é editado pela editora Sete Caminhos.

Para os interessados do norte do país haverá uma outra sessão de lançamento no Corte Inglés de Vila Nova de Gaia, pelas 19h de sexta-feira, dia 14 de Julho.

PauloFR