01 julho 2009

Os segredos de Rosslyn (III)

(... continuação)

O Segredo das Pedras

Tendo descoberto irrefutáveis evidências que um alto grau da Maçonaria era conhecido por William St Clair, começámos a olhar mais atentamente do que antes para os mínimos detalhes do intrincado interior e exterior esculpido de Rosslyn. Uma pequena, porém fantástica descoberta, era a gravação de dois homens, lado a lado. Apesar desta escultura exterior estar danificada pelas intempéries e possuir aproximadamente trinta centímetros de altura, pudemos observar muito bem a maior parte dos seus detalhes. Ela mostra um homem vendado com vestimentas medievais, ajoelhado e segurando na sua mão direita um livro com uma cruz na capa, tendo os seus pés colocados de modo a formar um esquadro. Em torno do pescoço do homem há um nó corrediço, sendo a ponta deste segurada por um segundo homem que estava veste um manto templário com a cruz distintiva mostrada no seu peito.

Quando descobrimos esta pequena gravação, procurámos Edgar Harborne, uma autoridade da Grande Loja Unida da Inglaterra. Somados, tínhamos aproximadamente setenta anos de experiência maçónica e sabíamos exactamente o que estávamos a olhar. Edgar estava empolgado e surpreso, assim como nós, pois não havia qualquer dúvida; esta era a imagem de um candidato à Maçonaria durante o processo de sua iniciação no ponto crítico de seu juramento de obrigação. A forma dos pés, o cordame, a venda, o volume da lei sagrada - esta imagem mostra um homem sendo admitido na Maçonaria cinco séculos e meio atrás! Ainda mais, esta pequena estátua era a primeira representação visual de um Templário conduzindo uma cerimonia que nós agora consideramos ser unicamente maçónica.

O facto de ela apresentar um Templário conduzindo um candidato implica que a escultura estava a demonstrar um evento histórico que datava do período templário, deste modo ela poderia estar a mostrar-nos uma cerimónia maçónica de setecentos anos de idade.

Dentro da edificação, nós analisamos cada uma das pequenas esculturas. Isto era difícil, devidoa, em algum ponto do passado recente, alguma alma caridosa ter cobrerto completamente o interior com uma massa de areia e cal numa mal sucedida tentativa de proteger o trabalho de cantaria, o que obscureceu os pequenos detalhes.

No alto de dois meio pilares construídos na parede meridional, com uma altura de aproximadamente três metros, nós descobrimos pequenas representações que eram extremamente interessantes. Uma destas com apenas alguns centímetros de altura mostra um grupo de figuras com uma pessoa transportando uma peça de tecido, que tem no centro a face de um homem barbado e com cabelos longos. A figura que transporta o tecido não tem cabeça e, uma vez que há poucos danos ao edifício, parece, como pensamos, que ela foi deliberadamente removida. Isto fez-nos olhar para outras cabeças e ficámos impressionados pela distintiva aparência de cada uma delas. As faces não são amenas ou anónimas, como normalmente se vêem em edifícios semelhantes; elas dão a impressão de que eram deliberadamente semelhantes a indivíduos conhecidos - quase como máscaras mortuárias em miniatura.

Só nos restava especular: esta pequena estatueta representa alguém segurando o Sudário de Turim?

Só existem duas explicações para tal imagem: é o Sudário de Turim que está sendo transportado ou é aquilo que conhecemos por "Veránica"?.

A lenda não-bíblica de Santa Verónica narra como uma mulher (frequentemente associada à Maria Madalena) deu o seu manto (em algumas versões o seu véu) a Jesus para enxugar a sua face quando ele estava a deixar o Templo ou no caminho do Calvário transportando a sua cruz. Quando esta tomou o manto de volta, neste havia a imagem da face miraculosamente impressa no tecido. Estudiosos modernos acreditam que o nome "Verónica" é derivado do latim vera e do grego eikon, significando "a verdadeira imagem". O nome e a ideia são um tanto suspeitos, uma vez que a Igreja Católica Romana não reconhece uma santa chamada Verónica. Apesar desta negação de beatificação, o "manto original" pode ser encontrado na Basílica de São Pedro na Cidade do Vaticano.

Isabel Piczek, uma artista que tem estudado o Sudário de Turim e que provou que este não poderia ser uma pintura, esteve numa visita não oficial para ver a Verónica na Basílica de São Pedro. Ela descreveu esta experiência ao pesquisador do Sudário, Ian Wilson:

Sobre ele estava um pedaço de tafetá colorido do tamanho de uma cabeça, do mesmo tipo do sudário, levemente acastanhado. Ele não parecia estar remendado, apenas uma mancha de cor ferrugem acastanhada. Parecia um pouco desigual, excepto por algumas descolorações trançadas... Mesmo com a melhor das imaginações, você não é capaz de deslumbrar qualquer rosto ou imagem dele, nem mesmo a mais leve sugestão disto.

Estávamos cientes que esta antes inexpressiva relíquia "sagrada", ou a ideia por trás dela, possa ser anterior ao advento do Sudário, mas não era certamente logo após as exibições públicas do Sudário de Turim em Lirey que a popularidade de uma imagem do rosto sagrado cresceu. O Padre Thurston, um historiador cristão, categoricamente estabelece que a lenda da Verónica, como apresentada na actual Estações da Via Dolorosa, não pode ser datada de antes do final do século XIV. Tal datação significaria que a lenda surgiu após a primeira exibição pública do Sudário de Turim em 1357.

A cabeça de Cristo tem sempre sido representada nos ícones como tendo longos cabelos repartidos ao meio e com uma barba espessa e quando um pedaço de tecido surgiu com tal representação poderia ter difundido a ideia de uma "Verónica".

A coluna seguinte em Rosslyn possui uma cena igualmente pequena que mostra uma pessoa sendo crucificada, mas estranhamente, uma vez mais a cabeça foi removida. Os únicos danos aparentemente deliberados que nós conhecemos na edificação são as das cabeças portando o rosto no tecido e da pessoa crucificada. É como se alguém sentisse a necessidade de ocultar a identidade por detrás destas imagens. Nós imaginamos se a pessoa que encobriu o pilar de Jachin com gesso também removeu as cabeças dessas figuras chaves?.

Se estes eram uma simples Verónica e uma representação padrão de Jesus na cruz, não haveria necessidade de desfigurar os principais rostos.

A figura crucificada não está pregada numa ideia normal da cruz cristã, onde a parte superior continuava afim da trave horizontal, mas numa cruz na forma de um Tau judaico que possuí a forma de um T. As representações cristãs medievais frequentemente mostram uma segunda trave representando a placa que com zombaria, proclamava Jesus como sendo o Rei dos Judeus - mas nunca mostra uma cruz Tau.

"Tau" é a última letra do alfabeto hebraico e, como a letra grega "Omega", representa o fim de algo, especialmente a vida. É também verdade que a maioria das crucificações romanas eram feitas em estruturas com este formato, mas nenhum construtor do século XV teria condições de saber isto. Parece que o criador desta pequena gravação ou era muito bem informado a respeito da metodologia das crucificações romanas ou estava deliberadamente utilizando a simbologia judaica para a morte. Aquando da pesquisa para o nosso livro anterior, nós tinhamos trabalhado com a ideia de que a imagem do Sudário de Turim poderia ser a do último Grão-Mestre dos Templários e, se as nossas suspeitas de que o Sudário de Turim é a imagem de Jacques de Molay estiver correcta, nós poderíamos esperar que William St Clair estivesse atento a este facto, uma vez que a sua família esteve intimamente envolvida com os Templários que tinham fugido para a Escócia após a queda da Ordem - mas por que é que ele está representado desta forma? Talvez o Sudário seja muito mais importante do que tinhamos pensado.

O corpo governante da Maçonaria Inglesa e Gaulesa, a Grande Loja Unida da Inglaterra, é enfático sobre o facto de nada ser conhecido ao certo sobre a história da organização anterior à fundação da Grande Loja de Londres em 1717. Tem sido crítico para nós sugerir que há uma história a ser descoberta para aqueles que escolheram procurar, e aqui, em Rosslyn, nós possuíamos provas positivas de que os rituais maçónicos são pelo menos duzentos e setenta e cinco anos mais antigos do que a história oficial da Maçonaria, como definida pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

O nosso próximo passo de pesquisa era olhar atentamente para como e porque a Maçonaria Inglesa perdeu contacto com seu passado e estabelecer o que está sendo escondido, se for o caso, por trás de uma cega recusa em conhecer qualquer história anterior a 1717.

Conclusão

Parece que os Cavaleiros Templários conheciam o que estavam à procura quando iniciaram sua escavação de nove anos e o seu voto de obediência fortemente sugere que outros estavam envolvidos por detrás disto tudo.

Rosslyn é uma cópia deliberada das ruínas do Templo de Herodes com um projecto que é inspirado na visão de Ezequiel da nova "Jerusalém Celeste". As pistas para a compreensão da edificação estavam colocadas dentro do então secreto ritual do Grau do Santo Real Arco da Maçonaria. William St Clair utilizou este método para nos contar que a edificação é "o Templo de Jerusalém", "uma chave para um tesouro" e "um lugar onde algo precioso está oculto", ou "a própria coisa preciosa".

A grande parede ocidental de Rosslyn pode ser conclusivamente encarada como uma reconstrução de parte do Templo de Herodes, e o nome "Roslin" possui o surpreendente significado "o antigo conhecimento passado ao longo de gerações", quando compreendido a partir do gaélico. A razão para este nome não está clara, mas Henri St Clair de Roslin era excepcionalmente íntimo de Hugues de Payen, o líder dos primeiros Templários.

Uma gravação no exterior claramente mostra um candidato sendo iniciado na "Maçonaria" por um homem usando um traje templário, e uma inscrição dentro da edificação demonstra que os construtores estavam familiarizados com um dos altos graus da Maçonaria, trezentos anos antes da data anteriormente aceita de sua origem.

Uma gravação dentro da edificação parece mostrar o Sudário de Turim sendo transportado por alguém e uma outra que mostra a crucificação de uma pessoa sem cabeça numa cruz Tau judaica. Talvez o Sudário de Turim esteja directamente conectado à história que Rosslyn narra em pedra.

Tradução livre de Texto de Dr. Robert Lomas e Christopher Knight

Os autores:

  • Christopher Knight nasceu em 1950 e em 1971 concluiu os seus estudos formando-se em publicidade e desenho gráfico. Demonstrou um forte interesse no comportamento social e no sistema de crenças tendo por muitos anos actuado como analista de consumo envolvido no planeamento de novos produtos e nas suas estratégias de vendas. Em 1976 tornou-se Maçon e actualmente é presidente de uma agência de publicidade e marketing.
  • Dr. Robert Lomas nasceu em 1947 e graduou-se com honra em engenharia eléctrica, dedicando-se após isso a pesquisa no campo de física dos estados sólidos. Mais tarde trabalhou no sistema de direcção para os mísseis Cruise e esteve envolvido no desenvolvimento de computadores pessoais mantendo sempre o seu interesse sobre história da ciência. Actualmente lecciona no Centro de Administração da Universidade de Bradford. Em 1976 tornou-se Maçon e rapidamente se tornou um conceituado orador e palestrante sobre a história da Maçonaria nas Lojas da região de West Yorkshire.

2 comentários:

Nuno Raimundo disse...

bOAS...

Conheço o texto original bem como outro livro dos mesmos autores, bastante interessante tb: " A Chave de Hiram".

Quanto a Rosslyn em concreto, é um dos lugares que eu gostava de visitar e poder apreciar in loco a beleza do local.

De facto, quem a construiu devia ser possuidor de conhecimentos esótericos vários, tal os "mistérios" evocados, sejam eles templários, maçons, celtas ou cristãos.

Pode ser que algum dia se descubra a chave que descodifique tal "construção misteriosa"...

abr...prof...

jpa disse...

Olá;

Rosslyn é um livro que está sendo lido. Penso que ainda tem muito para nos contar.

Cumprimentos
JPA