24 fevereiro 2010

Visita à Loja Hippokrates


Uma delegação da Loja Mestre Affonso Domingues, na qual se incluíram o JPSetúbal e eu próprio, efetuou, na passada semana, uma visita à Loja Hippokrates, da Grande Loja da Áustria, que reúne ao Oriente de Viena.

A Loja Hippokrates foi fundada em 1993. Como o seu nome indica, o seu grupo fundador tinha uma grande prevalência de médicos. Hoje, está diluída essa prevalência. Uma parte dos seus membros são médicos, mas a Loja tem, presentemente, maçons exercendo as mais variadas profissões, ostentando a diversidade que, em Maçonaria, é uma riqueza.

A Loja Mestre Affonso Domingues e a Loja Hippokrates geminaram-se em maio do ano passado e um dos pontos do convénio de geminação respeita precisamente à promoção de visitas mútuas entre os obreiros das duas Lojas.

A Loja Hippokrates trabalha o Rito de Schröder, um rito praticado essencialmente nos países de língua alemã, de que reconheci elementos dos ritos de York e Escocês Antigo e Aceite, mas que, essencialmente, é um rito muito prático, simplificado e de rápida execução. A eficiência germânica...

A Loja Hippokrates reúne semanalmente, às segundas-feiras. As suas reuniões são rápidas - cerca de uma hora de duração - e são seguidas de um ágape, servido numa sala reservada para o efeito no edifício-sede da Grande Loja da Áustria. Por regra, em todas as reuniões é apresentada uma prancha, que é seguidamente discutida no ágape.

Em face da nossa visita, os nossos anfitriões tiveram a cortesia de efetuar algumas alterações no seu procedimento habitual. Apenas a abertura e o encerramento dos trabalhos rituais decorreram em alemão. Todo o resto da reunião decorreu em inglês, de forma a facilitar a comunicação entre anfitriões e visitantes. Também no ágape a língua preferencial de comunicação foi o inglês.

O debate, no ágape, acabou por não incidir sobre a prancha apresentada pelo Irmão E. C., austríaco casado com uma portuguesa, dedicada ao tema das relações históricas entre a Áustria e Portugal. A curiosidade dos nossos Irmãos austríacos sobre a Maçonaria Regular em Portugal e a forma como trabalha sobrepôs-se e o debate no ágape acabou por revestir a forma de respostas dos visitantes a perguntas dos Irmãos austríacos, satisfazendo o legítimo interesse destes em conhecer melhor a forma como se trabalha por cá.

Foi uma agradável visita, em que fomos recebidos de forma inexcedível pelos nossos Irmãos da Loja Hippokrates.

Na próxima semana, publicarei aqui a prancha lida na ocasião pelo Irmão E. C..

Uma última nota, a propósito da interrogação deixada pelo JPSetúbal no seu último texto aqui no blogue: o "M" que, em terras de língua germânica, em tempos se colocava entre o esquadro e o compasso era a inicial de "Maurerei", ou seja, Maçonaria. Nestas coisas, os alemães, cultores da filosofia e com uma língua especialmente adequada para a especulação filosófica, não facilitam, nem suscitam dúvidas ou confusões... Assim, onde os anglo-saxónicos punham o "G" de Geometria (que, nos tempos da maçonaria operativa, era um termo sinónimo de Maçonaria, como tive oportunidade de referir nos comentários à Lenda do Ofício), os germanos foram diretamente ao assunto e colocaram o "M" e não se fala mais nisso... Nos dias de hoje, nos países de língua germânica, deixou de, por regra, se incluir qualquer letra no símbolo maçónico por excelência: ou simplesmente se representa o esquadro e o compasso, como se pode verificar no sítio na Internet da Grande Loja Unida da Alemanha, ou se coloca entre ambas as peças um fio de prumo, como se pode ver no símbolo do sítio da Grande Loja da Áustria.

Rui Bandeira

17 comentários:

Diogo disse...

Caro Rui Bandeira,

Que aprendeu você nas suas sessões maçónicas que eu não tenha aprendido fora delas?

Fui hoje convidado por uma colega minha a ir a uma sessão religiosa (de uma seita cujo nome não recordo). Disse-lhe, respeitosamente, que não podia ir. Que iria eu aprender? Ou iria apenas perder tempo?

Abraço

Marcos Amaro disse...

Mais uma vez peço desculpa desta minha intervenção.

Como já manifestei anteriormente, não passo de um mero profano.

Para esclarecimento de todos e antes qualquer duvida surja, nenhuma das minhas participações, são e ou tem como objectivo agradar a “B” e ou “C”, todas elas são feitas no espírito de partilha de ideias e maneira de ver as coisas e os temas que aqui vão surgindo, pela mão dos mais variados, respeitados, autores dos mesmos.

Não faço intenção nem sequer qualquer falsa não pertença de defender alguém e ou algo, até porque por certo todos aqueles que aqui disponibilizam os seus pensamentos, trabalhos e ou ideais, são bem crescidos e capazes de o fazer muito melhor do que qualquer um ou outro.

Assim e exposto estes esclarecimentos iniciais, os quais julgo serem necessários, a fim de clarificar qualquer espírito mais ensombrado e ou ensonado, passo a expor o meu pensamento face aquilo que acho RIDICULO.

Que as consciências mais criticas e individuais não me levem a mal, mas os sentimentos demonstrados e os actos praticados em nome da livre expressão e livre opinião, não podem nem devem sair daquilo que o meu Avô, homem sábio, na sua condição de trabalhador humilde e de homem do povo, sempre ensinou ao meu Pai e este a mim, que é o respeito pelos outros e pelo esforço que, esses mesmos outros, dizem e ou fazem de boa vontade e com a manifesta intenção de partilha.

Caro @ Diogo, não o conheço, nem sequer tenho a intenção de o julgar, tarefa que na minha crença é atribuida a Deus, e ou criticar, da mesma forma que o faz, qualquer das suas manifestações de descrença e ou não partilha dos mesmos ideais, que aqui são expostos. Respeito inclusive a sua descrença e ou não partilha de ideais.

O que dificilmente consigo aceitar, em si e em qualquer outra pessoa, é aquilo que eu já acho falta de demonstração de respeito, para com algumas das pessoas que aqui partilham seus ideais e ou seus princípios, honestamente acho que é falta de respeito e em alguns casos, essa mesma falta de respeito, pelos outros, roça a falta de educação, e isso caro Diogo, eu não foi habituado a aceitar e ou a ouvir (leia-se: ler) sem deixar de manifestar o meu desagrado.

Mais uma vez reafirmo pela minha honra, que não conheço pessoalmente qualquer um dos autores dos escritos aqui expostos, mas o que faço nesta minha declaração fazia-o se tal atitude fosse feita a um outro qualquer homem e ou mulher, mesmo que na rua fosse.

Não consigo entender a sua tão grande manifestação de desagrado e desrespeito por tudo aquilo que aqui é apresentado, nem a sua busca constante busca do conflito e ou provocação para a existência do mesmo, a não ser, opino eu, uma manifesta inveja e ou grande desejo de pertencer a algo, que tanto critica, não sei se calhar foi-lhe rejeitada alguma e ou algum pedido para poder ser Maçom.

Será que para quem não aceita, para quem critica de forma tão destrutiva, não existira qualquer outro espaço para poder manifestar todas as suas grandes manifestações de desagrado e ou descrença.

Pobre daquele que se julga superior a tudo e a todos, pobre daquele que se julga melhor e mais capaz do que os que o rodeiam, pois no fim será ele o único a ser desacreditado e aperceber-se de que afinal não sabia de nada e que os que o rodeavam apenas o criam potenciar, abrir-lhe os caminhos para o saber e ajuda-lo na busca do saber, quando lhe lançavam palavras e ideias.

Pois no fim saberá que o objectivo deles era apenas permitir-lhe abrir os olhos e a mente, afim de este ser capaz de aprender e crescer enquanto homem e caminhante (leia-se: minha definição para o trajecto de vida que todos fazemos).

Bem-haja Diogo, bem-haja todo aquele que é capaz de ir mais além no conhecimento e de viajar no conhecimento dos outros, a fim de chegar ao seu destino enquanto homem caminhante.

M.A.

Paulo M. disse...

Diogo:

É razoavelmente incontroverso que a Maçonaria surgiu em Inglaterra, entre gente que tinha tempo e vontade para se dedicar ao cultivo do espírito. O conceito muito britânico do "live and let live" impregna a própria matriz da Maçonaria - o que é evidente na insistência na tolerância e no adogmatismo.

Um maçon não só evita o conflito, como muito menos o incita. O ideal maçónico passa por um respeito pelas ideias de cada um que as coloca fora da esfera crítica dos demais. Assim, as convicções alheias não se criticam; se cada um quiser, pode, quando muito, expor as suas.

Um maçon esforça-se por aprender sempre mais, pelo simples prazer de aprender. O que se aprende abre-nos sempre os horizontes, mesmo que não tenha qualquer utilidade prática. Para um maçon, aprender nunca é uma perda de tempo.

Estes princípios não são exclusivos da Maçonaria, que não tem - nem pretende ter - o monopólio dos mesmos. Muitas organizações defendem ideias semelhantes - apenas as apresentam sob uma perspetiva diferente. Cada um pode escolher de onde colher um pouco mais de sabedoria - ou não colher nenhuma.

Afinal, Diogo, o que é que pretende? O que é que quer saber? O que é que tanto o incomoda? O que é que quer daqui?

Abraço,
Simple

Diogo disse...

Caros M.A. e Simple,

Não foi, de forma nenhuma, minha intenção faltar ao respeito aos autores ou aos comentadores deste blog.

Penso que um blog é tanto um local de partilha de ideais e princípios como de debate e troca de opiniões. Afinal, dizem, é da discussão que sai a luz.

Gosto de discutir filosofia e religião. Já tive aqui vários debates muito interessantes com o Rui Bandeira e com outros. Faço-o também com amigos e colegas meus. Acho enriquecedor a troca de ideias, o colocar à prova os conceitos, ao contrário da aceitação passiva do «conhecimento dos mestres». Estou convencido de que aprender não é aceitar acriticamente o «saber dos venerandos».

O meu objectivo não é ser maçom, como não é ser católico ou budista. O meu propósito é conhecer as ideias que os movem e os conceitos em que acreditam. Escrutiná-los. Detectar-lhes os pontos fortes e os absurdos lógicos (se os tiverem).

Enquanto os meus debates com cristãos são totalmente abertos, porque conheço os princípios do cristianismo, os debates com os maçons são difíceis (ou impossíveis) porque parecem falar numa linguagem cifrada (onde nos resta apenas tentar adivinhar o que estão a dizer).

Abraço

Lindemann disse...

Num primeiro momento iria comentar "Ignore-o" mas, embora também não entenda os propósitos do Diogo, começo a me convecer que é positiva para os leitores sua intervenção, pois quem as comenta produz excelentes textos. Mas... Não podemos esquecer que os comentários devem ser sobre o texto em questão.
Quem sabe criamos um blog "Debatendo com Diogo" aí poderemos discutir sem atrapalhar os propósitos do "A Partir Pedra".
Abraços !
Josiel Lindemann

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

Já diversas vezes esclareci aqui no blogue que a Maçonaria é essencialmente um MÉTODO de aperfeiçoamento individual - que envolve aprendizagem, mas não só.

Também já tive oportunidade de declarar que o método maçónico não é - longe disso! - o único meio de aperfeiçoamento. Outros há, quer em vertentes religiosas, quer em escolas filosóficas, quer em sistemas de autoajuda, quer de pura e simples junção de gosto pelo estudo, pela reflezão e pela ética.

Nunca me viu, nem verá, declarar que o método maçónico é melhor que qualquer outro. Apenas me vê afirmar que penso que é o melhor para mim e sempre ressalvar que aceito sem discussão que outros métodos são melhores para outros. Trata-se puro respeito pela individualidade e personalidade de cada um.

Sendo a Maçonaria essencialmente um método de aperfeiçoamento pessoal, não faz, Diogo, sentido inquirir se nela se aprende algo de novo, ou diferente, ou melhor, do que por outras vias, formas ou paragens.

Em Maçonaria aprende-se e pratica-se Tolerância. Noutros locais também; nalguns outros não. Aprende-se o respeito pelo outro, suas opiniões, crenças, entendimentos. Noutros locais também; nalguns outros não. Aprende-se a refletir, a evoluir, a atentar nas suas atitudes éticas e a praticar os princípios da ética. Noutros locais também; nalguns outros não.

Não é tão importante o que se aprende, mas COMO se aprende.

Portanto, caro Diogo, a minha resposta à sua pergunta é: nada, se ambos aprendemos as mesmas coisas, eu na Maçonaria e o Diogo fora dela; um pouco, algo ou muito, se eu dentro e o Diogo fora aprendemos coisas diferentes.

Quanto às reações à sua pergunta do M.A e do Simple (e, em outras ocasiões, de outros), tenho para mim que resultam do seu estilo truculento, provocatório, de inquirir.

Eu procuro abstrair do estilo, da forma - que não é, realmente, o mais agradável e creio mesmo que não é seguramente o mais frutuoso - e responder à substância da questão, ao que verdadeiramente acho que quer perguntar. Confesso que, por vezes, me é difícil descobrir... Outros não terão essa capacidade (paciência, já me disseram...) de o fazer e, porque lhes desagrada (como a mim) o estilo, a forma, reagem a eles e censuram-no ou utilizam a ironia.

Por isso declarei acima que não me parece que esse seu estilo seja o mais frutuoso. Pode facilmente incendiar ânimos, levar a discussões (que podem até ser engraçadas), mas dificulta o que, no seu segundo comentário declara buscar:"conhecer as ideias que os movem e os conceitos em que acreditam. Escrutiná-los. Detectar-lhes os pontos fortes e os absurdos lógicos (se os tiverem)". Porque apela à resposta à ironia, gera apetência pela truculência.

Enfim, Diogo, sinceramente, penso que o estilo que cultiva abre caminho à esgrima, ao embate, à dissensão e dificulta o debate sereno, aberto, sem desnecessários juízos de valor - potencialmente muito mais profícuo, na minha opinião.

Proponho-lhe que procure moderar o estilo e se concentre nas questões que deseja sejam elicidadas. Que privilegie o fundo e deixe a forma.

Se a isso estiver disposto e se isso conseguir, verá que lhe será muito menos difícil debater ideias com os maçons, que a nossa linguagem lheparecerá cada vez menos cifrada. Porque deixaremos - o Diogo e os demais - progressivamente de lado as desconfianças, deixaremos - o Diogo e nós - de ter necessidade de nos interrogarmos "o que é que ele quis mesmo dizer com aquilo? le diz branco, mas não estará a pensar preto?" e poderemos todos - o Diogo e nós - tomar cada afirmação, cada questão, do outro pelo seu valor facial, confiar que o outro quando quer dizer branco, diz branco e quando diz vermelho é vermelho que quer dizer.

E verá então que os princípios são muito menos difíceis de entender, a linguagem muito menos cifrada do que parece.

Esteja certo que ninguém o quer "converter". Não é o nosso estilo! Criámos este espaço com o propósito de esclarecer, não de fazer proselitismo - que rejeitamos.

Jorge disse...

As cinzeladas aplicadas com Mestria não disfarçam a leveza das mesmas pois a pedra continua bruta e com arestas difíceis de polir. Força no malho...que a pedra não parte?

Abç.
bird.

Diogo disse...

Caro Rui,

Reconheço que tenho um estilo um tanto truculento, não deliberado, que pode afastar o debate do propósito que procuro. Por este facto peço desculpa aos autores e restantes comentadores do blog.

Voltando ao debate, diz o Rui que: «Sendo a Maçonaria essencialmente um método de aperfeiçoamento pessoal, não faz, Diogo, sentido inquirir se nela se aprende algo de novo, ou diferente, ou melhor, do que por outras vias, formas ou paragens. »


Mas diz também que:

«Já diversas vezes esclareci aqui no blogue que a Maçonaria é essencialmente um MÉTODO de aperfeiçoamento individual - que envolve aprendizagem, mas não só.» - «Em Maçonaria aprende-se e pratica-se Tolerância... Aprende-se o respeito pelo outro, suas opiniões, crenças, entendimentos... Aprende-se a reflectir, a evoluir, a atentar nas suas atitudes éticas e a praticar os princípios da ética.» - «Não é tão importante o que se aprende, mas COMO se aprende. »


Donde, caro Rui, na maçonaria aprende-se. E aprende-se algo de novo: «um MÉTODO de aperfeiçoamento individual» que será diferente de outros. Será pecado perguntar que método é esse?

Abraço

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

Pergunta-me:

Será pecado perguntar que método é esse?

Respondo-lhe:

Não sendo especialista em pecados, acho que não.

Mas talvez o que o Diogo verdadeiramente queira saber é como funciona, como é, o método maçónico.

Também lhe respondo: é a obtenção do autoconhecimento, a efetivação da própria melhoria, através do estudo de símbolos, raciocínio e reflexão sobre o seu significado e interação com os seus Irmãos.

Objetivo: tornar-se melhor.

Meio: a crítica e análise pessoal sem disfarces, a análise do exemplo dos demais, a reflexão sobre as apreciações que os demais dele e das suas ações fazem, sabendo que essas apreciações não visam denegri-lo, apoucá-lo, rebaixá-lo, antes são um produto de amizade e de solidariedade.

É um processo de evolução que deixa a liberdade a cada um de escolher o seu caminhop, a sua forma, o seu objetivo.

Só se apreende completamente, vivendo e praticando-o. Por isso é tão difícil a quem está de fora compreendê-lo.

Em muitos textos deste blogue se deixam pistas sobre esse método e esse trabalho.

A título de exemplo, deixo-lhe aqui apenas a indicação d dez desses textos:

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2009/07/o-silencio-dos-aprendizes.html

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2009/05/lecon-dun-maitre-son-apprenti-ii.html

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2008/05/mestre-e-aprendiz.html

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2007/12/o-trabalho-do-aprendiz.html

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2007/10/integrao-do-aprendiz-ii.html

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2009/04/lecon-dun-maitre-ses-compagnons.html

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2008/02/o-trabalho-do-companheiro.html

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2008/06/do-modo.html

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2008/07/e-do-resultado.html

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2008/07/simbolismo-da-loja-vida.html

Se o Diogo tiver a paciência de os ler ou reler - e sobretudo de refletir sobre eles - conseguirá, estou certo, ter uma ideia do que é e busca esse método.

Uma última pista: lembre-se, Diogo: em Maçonaria, nada se ensina; tudo se aprende!

Diogo disse...

Caro Rui,

Estive a ler e a reler vários dos artigos que me indicou. Fixei duas frases em dois posts diferentes:

«Antes queria ter a garganta cortada do que revelar os segredos que me foram confiados»

«Une seule recommandation : ouvre tes yeux et tes oreilles mais, et ne l’oublies jamais, ce que tu vois et ce que tu entends ici ne peut, et en aucun cas, franchir la porte de ce Temple.»


Porquê?

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

Quanto à primeira frase, porque o maçon só é escravo de uma coisa na vida: da sua palavra. Tendo-se comprometido a manter um segredo, como homem de honra prefere a morte à desonra de trair o seu compromisso, faltar à sua palavra.

Os mais apressados e menos observadores interrogam-se sobre o "terrível segredo"; quem pensa um pouco, e melhor, verifica que o que importa aqui não é nenhum segredo; é a honra!

Os maçons não se comprometem a guardar segredo pela importância ou delicadeza do segredo. Fazem-no como constante exercício, sempre presente lembrança, que aquilo que um homem tem de mais precioso, aquilo que deve preservar, é a sua honra e o respeito pela sua palavra.

É por isso que eu friso e proclamo, com orgulho e satisfação, que a palavra de um maçom vale mais do que um contrato escrito, assinado e confirmado em notário. Este pode ser violado; a palavra de honra de um maçom nunca será quebrada!

Quanto à segunda frase:

Para além de partilhar do mesmo princípio que a anterior, acrescenta ainda uma outra noção, que já esclareci no texto publicado em

http://a-partir-pedra.blogspot.com/2009/01/reserva-sobre-trabalhos-de-loja.html.

Leia-o ou releia-o e compreenderá.

Diogo disse...

Rui,

Julgo perceber. É um pouco à imagem da psicoterapia de grupo em que as pessoas se comprometem a não divulgar o que é dito nas sessões para que «cada elemento se sinta, no interior do grupo, completa e absolutamente livre de expressar as suas ideias, opiniões, projectos, preocupações, sem constrangimentos de qualquer espécie».

Mas diga-me, tirando os aspectos de carácter pessoal, haverá ensinamentos (como o método de aperfeiçoamento individual, a tolerância, a reflexão) sobre os quais há necessidade de guardar tanto segredo de tal forma que: «antes queria ter a garganta cortada do que revelar os segredos que me foram confiados»?

Abraço

Paulo M. disse...

Acho que o Diogo quer saber se o segredo da Maçonaria e do melhoramento individual é assim uma espécie de "poção mágica" secreta como aquela que enchia o caldeirão em que Obelix caiu quando era pequenino; ou se será uma qualquer pretensa "pedra filosofal"; ou uma técnica secreta para aumentar o rendimento do nosso cérebro para além dos meros 10% que nos querem fazer crer que utilizamos.

Se os maçons acreditassem nisso seriam, de factos, uns alienados a precisar da psicoterapia de que fala. E parece evidente que o não são.

Pode dizer-se que a Maçonaria cria condições para que cada um, através do contacto repetido e próximo com os demais, aprenda aquilo que sente faltar-lhe, encontre quem o ajude a alcançar o que não conseguia, e siga o caminho que lhe seja mais adequado através do melhor método de todos: aquele que cada um escolhe para si, e que é tão único e irrepetível como uma impressão digital.

Parecem palavras vãs e crípticas? Tente explicar a um beduíno o que é o mar... Ou a um esquimó o que é o deserto do Sahara...

Abraço,
Simple

Alexandre disse...

Um filho meu fez treze anos e, tal como um comentador assíduo deste blogue tem sempre uma palavra a dar que demonstram a quantidade de dúvidas que tem.

jpa disse...

O sucesso da visita e o modo como vos receberam, em tudo eleva a Maçonaria e os Maçons, que mais uma vez estão de parabéns.
Quanto ao "M" é mais uma lição para mim, pois em vez de pensar simples compliquei.
Diogo como pessoa de bem que sou e acreditando que o Diogo também o é, peço-lhe que faça as perguntas de modo a não ferir susceptibilidades. Pois o modo que utiliza para questionar deixa sempre no ar, que já sabe a resposta sendo errada a que vai receber.
Como já deve ter reparado, os Mestres da R.L.M.A.D. educadamente e pacientemente sempre lhe responderam, e nós os restantes leitores e seguidores do blogue não gostamos do modo como aqui actua.
Proponho ao Diogo que quando quiser questionar digamos "azedamente" o faça directamente para o mail do Mestre em questão, evitando assim "azedar" o espirito dos restantes leitores.

Cumprimentos
JPA

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

Não, não há.

A expressão forte da "pena" que se preferiria à quebra do sigilo é apenas o testemunho do grau de comprometimento que se assume. Estou certo que o Diogo, como qualquer homem de bem, também preferiria ter a garganta cortada do que perder a sua honra.

É esse - e só esse - o significado da expressão.

Relembro: o seggredo maçónico é limitado a aspetos específicos de identidade de maçons, modos de reconhecimento, cerimónias e sucessos de reuniões rituais. Na sua maior parte, é um segredo de Polichinelo: está publicado e republicado e nem sequer é particularmente importantes.

Guardar o segredo, "preferindo ter a garganta cortada" a trí-lo é um exercício contínuo do respeito por um compromisso de honra.

Há quem procure aperfeiçoar-se usando cilícios para mortificar o corpo. Os maçons preferem exercitar o espírito, como forma de permanentemenete o fortalecer.

@ Simple:

O beduíno pode nunca ter visto o mar e o esquimó nunca ter ido ao Sahara. Mas o Diogo seguramente que pelo menoss já viu fotografias de um e de outro... Um dos objetivos deste blogue é desmistificar a Maçonaria no que ela deve ser desmistificada, esclarecer o profano nas suas dúvidas, mostrar quem somos, porque somos, como somos, para que somos.
Portanto, o Diogo aqui neste espaço recebe os melhores esclarecimentos que somos capazes de dar e... quiçá virá a ser um beduíno que entende o que é o mar ou um esquimó especialista no Sahara...

@ Alexandre:

Aos 13, aos 20, aos 30 ou aos 50, ter dúvidas e procurar esclarecê-las é sinal de vitalidade e de vivacidade de espírito.
Por isso, não me enfada esclarecer dúvidas.
Obrigado pelo seu comentário. Volte sempre e comente sempre.

@ jpa:

Por vezes, o raciocínio mais simples é o mais correto.
Por vezes, o cvaminho mais árduo é o mais compensador.
Polir as asperezas da sua pedra, limar os seus defeitos, não é, de modo nenhum, um exclusivo dos maçons.

Diogo disse...

Caro Rui,

Obrigado pela resposta.

Abraço