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14 dezembro 2015

O Dever, caminho para a realização (republicação)

O texto que hoje republico por o considerar deveras relevante para tal, viu a "luz" há cerca de 2 anos, em Novembro de 2013, e hoje tal como nessa altura, era e é um texto bastante interessante para ler, reler e fundamentalmente, reter(!).

Rui Bandeira escreve de uma forma bastante simples e de uma forma acessível a quem pouco ou nada sabe sobre a Arte Real, eu inclusive que debito umas tenras linhas de quando a quando, apenas posso afirmar que pouco sei, e mesmo assim já é muito para mim.
Aproveito para fazer aqui o meu  reparo e o agradecimento ao Rui por aquilo que nos ensina e partilha com a sua sabedoria e conhecimentos adquiridos pela sua experiência, tanto maçónica como profana, porque uma não é indiferente à outra... e desejar que assim o continue a fazer por muito tempo.

E como o texto versa o "Dever", aqui ficou também demonstrado por mim um dever que deveria ser natural ao ser humano, a "Gratidão".
Todavia, se agradecer algo a alguém deveria ser natural como afirmei, fazê-lo nem sempre é fácil para quem o faz e também para quem o recebe, pois tal pode ser constrangedor quando se faz algo sem se esperar qualquer tipo de recompensa. E nisso o Rui fá-lo muito bem! Ensina, informa, corrige, debate e partilha o que sabe e conhece sem esperar por qualquer tipo de retribuição. Fá-lo porque considera um dever o fazer e nada mais.

Pondo agora de parte as loas que teço ao Rui, senão em vez de lhe levar um avental terei de lhe levar um babete no próximo encontro (just kidding) - Elogios estes, todos eles atribuídos a quem os merece!- deixo-Vos com o texto que ele escreveu:

"O Dever, caminho para a realização

Os maçons falam muito de Dever. É natural. O aperfeiçoamento individual a que se dedicam implica, inevitavelmente, que identifiquem o que têm a corrigir e definam como fazer a correção, isto é, o que se deve fazer para melhorar.

O caminho do maçom não é uma avenida de direitos, é uma vereda de deveres a cumprir. Mais: um conjunto de deveres que o maçom escolhe cumprir.

Na ética maçónica, em primeiro lugar vem a obrigação, o cumprimento dos deveres - só depois se atenta nos direitos. Porque o caminho é este, não há constrangimentos nem vergonhas na reclamação ou no exercício dos direitos, porque se interiorizou que estes são o reverso correspondente aos deveres que se cumprem. Assim, o cumprimento do dever é preâmbulo do exercício do direito - nunca o oposto.

Esta postura, que é o oposto do facilitismo e do hedonismo tão propalados por certos media comummente referidos de cor-de-rosa, que insidiosamente vão influenciando as mentes mais frágeis ou menos avisadas, é, no entanto, a mais consistente com as caraterísticas da espécie humana - as caraterísticas que nos permitiram evoluir, descer das árvores, deixar de ser meros caçadores-recoletores, nos possibilitaram aprender a produzir o que necessitamos para consumir e até mais do que aquilo que necessitamos, enfim, o que nos fez chegar, como espécie, ao estádio atual (no melhor e no pior...) e nos fará, creio-o firmemente, evoluir sempre mais e mais.

Ao contrário do que se possa levemente pensar, desde a mais tenra infância que o bicho-homem valoriza mais o que deve fazer, o que esforçadamente conquista, o que trabalhosamente obtém, do que aquilo que recebe sem esforço, fonte porventura de prazer imediato, mas arbusto sem raiz sólida para segurar o interesse por muito tempo. Todos aqueles que educam crianças verificam que, ao contrário do que as próprias julgam, elas não apreciam tanto assim - e, no fundo, temem - a liberdade total, a possibilidade de fazerem o que querem, quando querem, como querem. Se isso lhes for temporariamente possibilitado, poderão extasiar-se perante a ausência de limites, mas não tarda muito que procurem o aconchego, a segurança, a certeza das fronteiras, dos limites, das restrições - contra as quais tanto refilam, mas que tão securizantes são. Afinal de contas, quando não há limites, como se pode transgredir? Como se pode forçar barreira inexistente para ir além dela? E o crescimento, a evolução humana, da criança como da espécie, é feito de transgressões, de ultrapassagens de barreiras, de partidas para o incerto apenas possíveis porque se sabe que, se e quando necessário, se pode recuar e voltar para o certo e seguro...

dever é, pois, essencial para a espécie humana. Para o cumprir e, por vezes, para o transgredir, aceitando os riscos e as consequências, mas também buscando o além para lá do horizonte...

Os direitos possibilitam-nos satisfação e conforto, mas são redutores, limitadores, meras pausas agradáveis, obviamente necessárias, mas afinal fatores de simples manutenção, não de conquista ou avanço. Os direitos gozam-se e, ao gozarem-se, fica-se - não se vai, nem se avança. É no cumprimento do dever, com o esforço e o custo que isso necessariamente implica, que se avança, se conquista, se constrói, se vai além.

Gozar os direitos é obviamente bom e agradável. Mas, bem vistas as coisas, cumprir os deveres, ainda que  tal implicando trabalho, custo, esforço, é melhor. Porque no fim do cumprimento do dever acaba por estar sempre um prémio. Por vezes de simples, mas saborosa, satisfação. Outras vezes com vitórias, com prazeres, com ganhos que não se teria se se tivesse mantido no simples gozo dos direitos que já se tinha, sem mais nada fazer. A áurea mediocridade pode ter brilho - mas não deixa de continuar a ser mediocridade...

Os maçons falam muito do Dever, dão atenção aos seus deveres, cumprem os seus deveres. Não por serem masoquistas. Pelo contrário: por entenderem que é assim que conseguem realizar-se. E a realização pessoal é mais do que meio caminho andado para a felicidade...

Rui Bandeira  "


24 novembro 2014

A importância que um Padrinho tem na formação de um maçom…

(imagem proveniente de Google Images)

O  texto que hoje publico, vai abordar algo que no meu entendimento será bastante relevante para a Maçonaria e que é o papel que um padrinho deverá ter na formação do seu afilhado maçom.
Um padrinho deve ter a sensibilidade para poder analisar quem deve ou não fazer parte da Augusta Ordem Maçónica. E padrinho pode ser qualquer maçom exaltado à condição de Mestre. O Mestre é o maçom de pleno direito. Logo tem a responsabilidade de fazer respeitar os princípios da Ordem, auxiliar na formação dos seus Irmãos, detenham eles o grau que tiverem, e de apesar de não fazer proselitismo, deve procurar no mundo profano quem tenha qualidades para ingressar na Maçonaria e que com essa admissão possa desenvolver um trabalho correto tanto pela Ordem Maçónica bem como pela sociedade civil na sua generalidade.
O padrinho não tem de ser um guru nem ser um visionário (pois ele será também um eterno aprendiz), o papel que ele deverá representar  para o seu afilhado é o de um guia, de uma pessoa que o auxílie na sua integração na Loja bem como o de sendo alguém que o ajude na sua formação maçónica, principalmente nos primeiros tempos, em complemento com a formação que é efetuada na loja, auxiliando também o Segundo Vigilante (cargo oficial desempenhado pelo terceiro elemento da  hierárquia de uma loja maçónica) no cumprimento das suas funções, nomeadamente como formador dos Aprendizes Maçons.
Compete ao padrinho após identificar no mundo profano alguém com as capacidades intelectuais e morais que são necessárias para alguém ser reconhecido maçom, abordar o mesmo da forma como achar que será melhor recebida pelo seu interlocutor. Na maioria das situações, a abordagem é feita pelo reverso, alguém que é profano e que se identifica com a Maçonaria intercede junto de um maçom para que lhe seja concedida a entrada na Ordem. Independente da maneira de como é feita a proposição, cabe ao maçom que irá ser o padrinho efetuar algumas diligências, ou seja, conhecer os gostos e preferências do seu futuro afilhado bem como dos hábitos e rotinas que ele possa ter  (se não os conhecer anteriormente), isto é, tudo aquilo que é habitual num ser humano. Conhece-lo!
E  numa fase posterior, se concluir que o profano detém  as qualidades necessárias para entrar na Maçonaria, deve abordar alguns temas de âmbito maçónico, retirando algumas das dúvidas que possam persisitir na mente do seu futuro apadrinhado sobre o que a Ordem Maçónica é e qual o seu papel no mundo. Mas mais que isso, na minha opinião, o futuro padrinho deve fazer-se acompanhar pelo profano em eventos maçónicos de cariz aberto (eventos brancos) onde este poderá ter um contato mais alargado com o que é a Ordem, ou seja, frequentar tertúlias e palestras onde a Maçonaria seja o tema principal a ser abordado.
Neste caso, admito que começará aqui, para mim, a formação maçónica do futuro iniciado. Pois se o mesmo afinal decidir que não se identifica com o que encontra, observa e escuta, então o processo de candidatura não terá início e o profano aproveitará apenas para aumentar a sua cultura geral sobre o que à Maçonaria concerne e ter uma opinião mais concreta sobre esta Augusta Ordem. No entanto, e caso o profano se identifique claramente com o que lhe é mostrado, deverá então ser iniciado o processo de candidatura à admissão numa loja maçónica. E de preferência que seja na loja que é integrada pelo seu padrinho. Isso é de extrema importância. E porquê?!
Porque durante o desenrolar do processo de candidatura, os membros da loja confiarão no zelo que o padrinho se propõe a cumprir ao apadrinhar a candidatura em avaliação porque o conhecem, e  também estes por sua vez, respeitarão quem vier a ser escolhido para ser acolhido pela loja.
E depois, porque o padrinho deverá acompanhar o seu afilhado na assistência das sessões da loja a que estes pertencem, para que este não se sinta desapoiado e nem desintegrado num grupo de gente que à partida não o conhece bem nem o qual deverá conhecer devidamente.
Acontece também o contrário, por vezes quem chega a uma loja maçónica já é popular no mundo profano ou puderá ter relações profanas com alguns membros da loja e assim a sua integração é mais facilmente consumada.
Mas e apesar de todo o fraternalismo que existe na Maçonaria em geral, os “primeiros tempos de vida” de um maçom podem-lhe parecer estranhos porque terá de ser relacionar inclusivé com gente que talvez, no mundo profano, preferiria evitar. É verdade, tal pode acontecer e ainda bem que tal assim acontece. Desta forma, é possível um entendimento que de outra maneira não seria possível acontecer. Porque os irmãos são “obrigados” a confraternizar, logo, encontrar "pontos de comunhão” e de “convergência”. Também, pelo facto de se terem de relacionar, isso obrigará a que as pessoas se conheçam melhor, e com isso, desfazer alguns preconceitos que poderiam ter anteriormente e que se assumirão posteriormente, como errados e descabidos. Outros quiçá, manterão a mesma opinião que anteriormente. Tal poderá acontecer, somos humanos e em relação a isso pouco se pode fazer… A não ser, tolerar e respeitar o próximo tal como outra pessoa qualquer o deve merecer.
 - Os maçons são pessoas como as outras, não são perfeitos; a  forma de como combatem as suas paixões e evitam os seus vícios é que os difere dos restantes membros da sociedade -.

E ter um padrinho que os guie corretamente nessas situações,  que lhes dê a mão para os apoiar quando necessitarem disso e que acima de tudo os critique quando o deve fazer para os manter num bom caminho, marcará de todo a diferença. Isso é “meio caminho andado” para um crescimento maçónico correto e que não seja funesto para a Ordem no futuro.
Os casos que normalmente vêm a público no mundo profano devem-se a erros de casting ou a gente que foi mal formada ou que não se identificou depois com os princípios morais que encontrou no interior da Maçonaria. Por isto, é que não basta a um padrinho convidar ou apadrinhar alguém apenas por ser seu amigo, por ser seu colega ou por essa pessoa ter alguma influência ou notoriedade no mundo profano. Esse “alguém” terá mesmo de se identificar com a Maçonaria e saber um pouco ao que vai, porque caso contrário, criará uma perca de tempo ao próprio e à loja maçónica que o acolher com as consequências que sabemos que poderão suceder e que algumas vezes ocorrem mesmo!
E nos casos em que os maçons “derrapam” ou se desviam do seu caminho na virtude, os padrinhos deveriam ser também responsabilizados, isto é, serem chamados à atenção por terem trazido para dentro da Instituição Maçónica quem agiu de forma errada e que levou a que a imagem desta Augusta Ordem fosse questionada profanamente. Obviamente que não digo que fossem sancionados, mas que exista uma conversa para os alertar do perigo que é de apadrinhar gente com este tipo de conduta para que no futuro sejam mais zelosos nos seus apadrinhamentos e que também tivessem acompanhado a conduta do seu apadrinhado. Naturalmente que um padrinho não pode ser culpado, a não ser que seja cúmplice, da atuação do seu afilhado, mas se puder prever que o mesmo possa se desviar e errar, deve alertar o mesmo dos riscos que este corre, seja de suspensão ou até mesmo de expulsão da Ordem, com tudo o que isso acarretará moralmente para ambos. Porque mesmo em surdina, as “orelhas” do padrinho sofrem sempre as consequências dos atos do seu afilhado. É habitual o ser humano criticar algo, todos somos “treinadores de bancada”, logo criticar-se algo que não correu bem é a consequência lógica de tal. Por isso até mesmo quem entra na Maçonaria deve refletir na sua conduta para que não ponha a imagem dos outros irmãos em questão.
Porém, e ainda no âmbito da instrução maçónica do seu afilhado, o padrinho deverá  complementar a formação que será concedida pela loja ao seu apadrinhado; porque ao lhe demonstrar também que a Maçonaria vive de símbolos, metáforas e alegorias, mas fundamentalmente, da prática de rituais próprios, também ele (padrinho) ao instruir o seu afilhado, poderá refletir e por em prática os conhecimentos que já adquiriu até então - o que é sempre uma mais valia pessoal - e que lhe permitirá vivenciar o que também ele aprendeu durante a sua formação até atingir o mestrado.
- Conhecer e ensinar outrém é do melhor que o ser humano poderá fazer pelo seu semelhante. Tanto que acredito que o Conhecimento somente é  Sabedoria quando compartilhado-.
Mais tarde, quando o seu afilhado já se encontrar na condição de mestre, já não será tão essencial ter aquela “especial” atenção que considero como importante na caminhada de um maçom, porque este já atingiu uma parte importante da sua formação maçónica e concluiu o seu percurso até à mestria. Mas no entanto,  nunca o deverá abandonar, pois apesar de este ser um irmão seu, será sempre o seu afilhado, logo alguém que um dia reconheceu como tendo capacidades e qualidades maçónicas. E essa responsabilidade nunca desaparecerá.
E isto é algo que por vezes acontece e que eu considero como sendo nefasto para a vida interna de uma Obediência. Não basta convidar alguém, se iniciar alguém, (mal) formar alguém e depois deixá-lo à  mercê dos tempos e vontades… Virar as costas a um irmão, mesmo que seja inconscientemente, nunca trará resultados frutuosos para ninguém e principalmente para a Ordem. É na nossa união que reside a nossa força, é com nosso apoio que conseguimos enfrentar o dia-a-dia. E se isto poderá parecer como demasiado simplista e inocente, não nos devemos esquecer que é no nosso espírito de corpo que se encontra a fonte da egrégora que é criada em loja e que é a impulsionadora da nossa fraternidade.
Assim, alguém que queira apadrinhar a candidatura de um profano, terá de assumir que adquire uma responsabilidade tal, que nunca será irrelevante e que nos seus “ombros” suportará o “peso” de uma Ordem iniciática e de cariz fraternal  como o é a Maçonaria. E que terá como seus deveres  principais: reconhecer, informar, transmitir/formar e acompanhar  quem ele considerar como sendo um válido (futuro) membro da  Maçonaria.
Não será uma tarefa fácil, esta de se apadrinhar alguém, mas este é um compromisso que os maçons assumem para com a Ordem e a bem da Ordem...

06 novembro 2013

O Dever, caminho para a realização



Os maçons falam muito de Dever. É natural. O aperfeiçoamento individual a que se dedicam implica, inevitavelmente, que identifiquem o que têm a corrigir e definam como fazer a correção, isto é, o que se deve fazer para melhorar.

O caminho do maçom não é uma avenida de direitos, é uma vereda de deveres a cumprir. Mais: um conjunto de deveres que o maçom escolhe cumprir.

Na ética maçónica, em primeiro lugar vem a obrigação, o cumprimento dos deveres - só depois se atenta nos direitos. Porque o caminho é este, não há constrangimentos nem vergonhas na reclamação ou no exercício dos direitos, porque se interiorizou que estes são o reverso correspondente aos deveres que se cumprem. Assim, o cumprimento do dever é preâmbulo do exercício do direito - nunca o oposto.

Esta postura, que é o oposto do facilitismo e do hedonismo tão propalados por certos media comummente referidos de cor-de-rosa, que insidiosamente vão influenciando as mentes mais frágeis ou menos avisadas, é, no entanto, a mais consistente com as caraterísticas da espécie humana - as caraterísticas que nos permitiram evoluir, descer das árvores, deixar de ser meros caçadores-recoletores, nos possibilitaram aprender a produzir o que necessitamos para consumir e até mais do que aquilo que necessitamos, enfim, o que nos fez chegar, como espécie, ao estádio atual (no melhor e no pior...) e nos fará, creio-o firmemente, evoluir sempre mais e mais.

Ao contrário do que se possa levemente pensar, desde a mais tenra infância que o bicho-homem valoriza mais o que deve fazer, o que esforçadamente conquista, o que trabalhosamente obtém, do que aquilo que recebe sem esforço, fonte porventura de prazer imediato, mas arbusto sem raiz sólida para segurar o interesse por muito tempo. Todos aqueles que educam crianças verificam que, ao contrário do que as próprias julgam, elas não apreciam tanto assim - e, no fundo, temem - a liberdade total, a possibilidade de fazerem o que querem, quando querem, como querem. Se isso lhes for temporariamente possibilitado, poderão extasiar-se perante a ausência de limites, mas não tarda muito que procurem o aconchego, a segurança, a certeza das fronteiras, dos limites, das restrições - contra as quais tanto refilam, mas que tão securizantes são. Afinal de contas, quando não há limites, como se pode transgredir? Como se pode forçar barreira inexistente para ir além dela? E o crescimento, a evolução humana, da criança como da espécie, é feito de transgressões, de ultrapassagens de barreiras, de partidas para o incerto apenas possíveis porque se sabe que, se e quando necessário, se pode recuar e voltar para o certo e seguro...

O dever é, pois, essencial para a espécie humana. Para o cumprir e, por vezes, para o transgredir, aceitando os riscos e as consequências, mas também buscando o além para lá do horizonte...

Os direitos possibilitam-nos satisfação e conforto, mas são redutores, limitadores, meras pausas agradáveis, obviamente necessárias, mas afinal fatores de simples manutenção, não de conquista ou avanço. Os direitos gozam-se e, ao gozarem-se, fica-se - não se vai, nem se avança. É no cumprimento do dever, com o esforço e o custo que isso necessariamente implica, que se avança, se conquista, se constrói, se vai além.

Gozar os direitos é obviamente bom e agradável. Mas, bem vistas as coisas, cumprir os deveres, ainda que  tal implicando trabalho, custo, esforço, é melhor. Porque no fim do cumprimento do dever acaba por estar sempre um prémio. Por vezes de simples, mas saborosa, satisfação. Outras vezes com vitórias, com prazeres, com ganhos que não se teria se se tivesse mantido no simples gozo dos direitos que já se tinha, sem mais nada fazer. A áurea mediocridade pode ter brilho - mas não deixa de continuar a ser mediocridade...

Os maçons falam muito do Dever, dão atenção aos seus deveres, cumprem os seus deveres. Não por serem masoquistas. Pelo contrário: por entenderem que é assim que conseguem realizar-se. E a realização pessoal é mais do que meio caminho andado para a felicidade...

Rui Bandeira