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12 janeiro 2007

A propósito dos próximos 30 dias

A propósito dos 30 dias que se começam a viver e da expectativa de mais uns animados, chatíssimos e frequentemente, estúpidos tempos de antena, debates, opiniões, comentários, contra-opiniões, contra-comentários... e por aí fora, uma amiga fez o favor de me relembrar um dos momentos mais saudáveis e inteligentes da nossa paupérrima Assembleia da República, resposta exactamente a um dos momentos mais doentios e estúpidos dessa mesma Assembleia.
Ficaria sem dormir se não compartilhasse com os meus queridos "com-blogueiros" e amaveis visitantes esta "relembrança (?)" de um pedaço histórico das letras portuguesas (e isto é verdade, não é só publicidade !).

«O acto sexual é para ter filhos» - disse na Assembleia da
República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do
CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto.


A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:



Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -

uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado!

JPSetúbal