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26 março 2007

O senhor Reitor-Mor e os maçons

Transcrevo parte de um texto publicado ontem, 25 deMarço, num sítio na Rede da Rádio Vaticano:

O Reitor-Mór dos Salesianos, Pe. Pascual Chavez, denuncia que "os novos pais da Europa são maçons" e puseram em andamento um "plano para descristianizar" o Velho Continente, que pretende relegar a religião e construir uma Europa laica e laicista. O mais significativo de todos eles é o "famoso maçon Valery Giscard d'Estaing".


Segundo o chefe dos 16.500 salesianos, a estratégia dos "novos pais não-crentes" da Europa, ao contrário dos fundadores (todos crentes), consiste em "marginalizar a religião e deixá-la sem espaço social e político, porque no passado foi a causa que provocou guerras e enfrentamentos".

O segundo passo desta estratégia - continua o superior geral dos salesianos - consiste em marginalizar a Igreja, porque "colocou travas na roda do desenvolvimento científico e técnico". E o terceiro passo se fundamenta na opção pela multiculturalidade. "que é a opção mais difícil". Pois bem - esclarece o superior salesiano - " por detrás desta estratégia está a maçonaria".

Obviamente que não concordo minimamente com estas declarações. Tenho, no entanto, o cuidado de as não qualificar, por duas razões. A primeira é que o facto de as etiquetar com um qualquer adjectivo, que não seria simpático, não é forma correcta de as infirmar; a segunda, porque, certas ou erradas, lógicas ou ilógicas, o certo é que, quem as proferiu limitou-se a dar a sua opinião, a exercer a liberdade fundamental de expressar o seu pensamento e é bom que o reconheçamos precisamente em relação às afirmações de que mais profundamente discordamos. A liberdade de expressão do pensamento existe em relação a todos e aplica-se às opiniões certas e às erradas, às que merecem o nosso acordo e àquelas com que não concordamos, às inteligentes e às cretinas. A todas!

Mas uma coisa é reconhecer e respeitar o direito à livre expressão do pensamento, outra é deixar passar em claro e sem oposição opiniões que consideramos profundamente erradas e desajustadas, como eu considero a que acima transcrevi.

Em primeiro lugar, importa chamar a atenção para o complexo que parece continuar a assolar certos sectores (que eu me permito considerar mais retrógados) da Igreja Católica em relação à Maçonaria. Fica-se com a sensação de que esses sectores se preocupam mais com os maçons do que com os seus fiéis, que se esmeram mais em gritar que "há lobo" (e de avental..) do que em pastorear o seu rebanho. Um ou mais políticos desagradam a esses cavalheiros? São, seguramente, maçons! Uma qualquer decisão não é bem vista por eles? Foi de certeza inspiração maçónica! Os actuais líderes políticos europeus não são do agrado desses senhores, preocupados em meter seus santos narizes nos assuntos de César, quando se deviam apenas dedicar aos de Deus, como ensinou Jesus Cristo? Todos maçons, está visto! Quando será que se aperceberão que estão a ser repetidamente ridículos?

Os sectores mais retrógados da Igreja de Roma não gostam da Maçonaria. Estão no seu direito! E tanto assim é que podem ficar cientes que nós, maçons, defenderemos o seu direito de proclamarem, as vezes que quiserem, que não gostam de nós. Mas, já agora, convinha que expressassem o seu desagrado com mais algum sentido do ridículo e evitassem declarações deste género!

Fiquem também a saber que, ao contrário do que alguns fazem crer, a Maçonaria - pelo menos a Maçonaria Regular -nada tem contra a Religião Católica, pelo contrário. Como fazemos sempre questão de deixar bem claro, só pode ser maçon quem for crente. Muitos maçons seguem a religião católica. Como muitos outros são evangélicos ou luteranos, ou calvinistas, ou judeus, ou muçulmanos.

E o que importa ter presente é que esta animosidade dos sectores católicos mais retrógados em relação à Maçonaria tem precisamente a ver com este respeito pela religião de cada um, com a recusa dos maçons de verem a Religião como factor de divisão, de guerrearem ou ostracizarem ou afastarem quem quer que seja pela estúpida razão de adorar o MESMO DEUS por forma diferente ou por Lhe atribuir uma designação diferente.Esses sectores retrógados falam, da boca para fora, de Ecumenismo, mas o que não suportam é que o Ecumenismo seja mais naturalmente praticado, porque integrante da sua essência, pela Maçonaria do que porventura alguma vez será por eles!

Este constante zumbido desses sectores retrógados em relação à Maçonaria não tem, afinal, nada a ver com esta, antes releva da sua concepção da Religião e da Igreja como Poder, como Domínio dos crentes, coutada dos seus desejos de imposição do que lhes convém definir como dogmas. É realmente complicado pastorear os seus crentes, mantendo-lhes a rédea curta e confinados ao claustrofóbico espaço deixado pelas suas retrógadas imposições, quando esses mesmos crentes se apercebem que, na Maçonaria, podem crer, podem manter a sua relação com Deus, podem crescer espiritualmente, sem que lhes seja imposta a cega obediência aos ditames de pseudo-detentores da Verdade Absoluta, podem ser Homens Livres seguindo a sua religião em harmonia com os demais, qualquer que seja a crença religiosa de cada um.

Compreendo, assim, que esses sectores retrógados não suportem a Maçonaria. Mas fiquem sabendo que nós, maçons, proclamamos o nosso respeito pela Religião Católica (como pelas outras). Do que não prescindimos é do nosso direito de, se assim o quisermos, nos relacionarmos directamente com o Criador, sem necessidade de intermediários ou intérpretes da Vontade Divina. Porque cremos - e todos os crentes devem crer, mesmo os retrógados... - que o Poder Infinito de Deus é suficiente para que a Sua Vontade possa ser revelada a cada um, sem que necessariamente tenha de passar pelo crivo dos ministros da Igreja!

Resumindo: nós, maçons, respeitamos quem entende manter a sua relação com Deus nos termos definidos pelos Ministros da Igreja e segundo a mediação destes. O que não prescindimos é do nosso direito denos relacionarmos com o Criador da forma que cada um entende a melhor para si, incluindo, se assim o entender, nos termos definidos pelos Ministros da Igreja... Que isso vos desagrade, é problema vosso; com o vosso desagrado podemos nós bem! Procuramos é aperfeiçoarmo-nos e não desagradar ao Criador!

Quanto à acusação do senhor Reitor-Mor dos Salesianos, permito-me duvidar que todos os actuais líderes europeus sejam maçons. Mas posso garantir-lhe que os maçons não têm qualquer plano para descristianizar o Velho Continente. Pela simples razão de que, agrade ou não ao senhor Reitor-Mor, a esmagadora maioria dos maçons Regulares da Europa são cristãos, e com muita honra! Agora, o que sucede é que não rejeitam, antes se sentam junto a eles, os Muçulmanos ou os Judeus ou os crentes noutras religiões. Se isso dói ao senhor Reitor-Mor, já é outro problema!

O que podemos garantir ao senhor Reitor-Mor é que os maçons não pretendem nem nada fazem para marginalizar a religião, porque, para todos e cada um dos maçons regulares, a sua religião é essencial. O que não damos é um "exclusivo" a nenhuma religião.... Se isso nauseia o senhor Reitor-Mor, o vómito é dele!

O que podemos garantir ao senhor Reitor-Mor é que nenhum maçon regular quer marginalizar a Igreja Católica. O que não permite é que nenhuma outra Igreja seja marginalizada, nem, muito menos, que a Igreja leve a cabo o desejo dos seus sectores mais retrógados de marginalizar os maçons e a Maçonaria! Se isso desorienta o senhor Reitor-Mor, a ele cabe esforçar-se para melhor decifrar a Vontade Divina!

Agora o que também podemos garantir ao senhor Reitor-Mor é que ele tem toda a razão quando diz que é estratégia da Maçonaria a opção pela multiculturalidade! Com muita Honra e todo o Gosto! E expresso o meu júbilo por, neste ponto, o senhor Reitor-Mor nos fazer justiça! Se isso faz tremer o senhor Reitor-Mor, se o senhor Reitor-Mor é adepto da "uniculturalidade" (qual, já agora? Em matéria de "uniculturalidade", confesso saber pouco; não estará o senhor Reitor-mor, espero, a manifestar o seu apreço pelas ideias "uniculturais" de um certo senhor de bigodinho que viveu na Alemanha há umas dezenas de anos...), se o convívio com as diferentes culturas o repugna, talvez seja, decididamente, melhor tratar-se!

Por mim, senhor Reitor-Mor, qualquer que seja o caso, desejo-lhe, sincerament, as melhoras!

Rui Bandeira

08 fevereiro 2007

Regularidade em Maçonaria

Há dias lancei um repto e um comentador solicitou mais informações sobre um tema determinado, ou melhor sobre uma questão associada a um tema.

De então para cá foram já publicados vários textos sobre este assunto e vários comentários feitos. De qualquer forma e com algum atraso aqui vai.

O tema : Regularidade
a questão :

"Caro josesr, o que me deixa triste é a maioria das obediências deste país, não todas, proíbam, a palavra é esta, o contacto entre maçons de outras obediências que não a sua. Não faz para mim sentido, de todo, que me possa reunir institucionalmente com um irmão australiano e não o possa fazer com um de Coimbra. A Maçonaria é só uma, uma questão administrativa não devia servir para dividir irmãos que almejam apenas trabalhar em conjunto, há luz de um Ideal Maior.
comentário assinado por Escriba "

O leitor pergunta essencialmente sobre questões de politica relacional e institucional maçónicas, do que sobre a regularidade.

No Inicio não havia regularidade ou irregularidade, havia Maçonaria. Com os ideais de 1789, inicia-se um movimento maçónico em França que abdica da imprescindibilidade de crença num ente superior - Grande Arquitecto.

Os movimentos maçónicos entretanto constituídos por esse Mundo fora regiam-se todos pelos mesmos princípios, pelo que o aparecimento desta nova corrente, que aos olhos do Maçonaria de então cometera uma irregularidade, provocou a necessidade de decidir o alinhamento. Ou seja manter como estava ou aderir à nova forma.
Aparecem as cisões, porque dentro de cada obediência havia pessoas que queriam uma coisa e outras, outra.

Aparece então o movimento irregular, sendo que o seu nome deriva apenas da Irregularidade original.

Por oposição as Obediências que se mantêm fiéis aos princípios iniciais passam a ser denominadas Regulares.

Estão então criados dois movimentos alimentados por fundos comuns, mas com filosofias distintas.

É normal, creio eu, que os movimentos privilegiem as relações com os da “sua cor”. E tão normal é que ganhou corpo uma nova figura, a do reconhecimento.

O reconhecimento não é mais que ser aceite pelos seus pares como um igual, dentro da linha filosófica seguida, seja ela Regular ou Irregular.

Segundo a minha opinião criaram-se, emergiram melhor dito, 2 pólos centralizadores do reconhecimento, a Grande Loja Unida de Inglaterra (regular) e o Grande Oriente de França (irregular).

Com o andar do tempo, e o aparecimento da Maçonaria Americana, USA, apareceu um terceiro pólo de reconhecimento. A Maçonaria Americana sendo regular, articula as suas políticas de reconhecimento com a Inglaterra, sendo que todavia pode reconhecer Potencias que a Inglaterra ainda não tenha reconhecido (geralmente a Inglaterra é a ultima a reconhecer).

Feita esta pequena introdução, importa aqui clarificar o que são relacionamentos institucionais.

Poderão haver dois tipos de relacionamento institucional. Os de ordem politica e os de ordem filosófica/ritual

Os de ordem politica (chamemos-lhe assim), a ocorrer, ocorrerão normalmente entre as mais altas esferas das instituições, de forma mais ou menos explícita. Este tipo de contactos não tendo qualquer repercussão para a vida interna da organização, pode fazer muito sentido na preservação da imagem pública da Maçonaria, pois quem ataca não faz distinção entre correntes filosóficas.

Os de ordem ritual. Ora penso que é mais sobre estes que o leitor está interessado.

OS rituais seguidos pelas obediências, independentemente dos ritos, estão de acordo com a linha filosófica que optaram. Regular ou Irregular conforme seja requisito a crença num Ente Superior – Grande Arquitecto ou não seja requisito.

Mas interliguemos aqui a Maçonaria com a história das religiões. Considerando um Cisma o advento da Irregularidade, poderemos compara-lo com os variados cismas que foram existindo ao longo dos séculos.

Comecemos pelo primeiro, o advento do Cristianismo. O aparecimento do Cristianismo rompe com a religião Judaica. E apesar dos fundamentos serem muito similares, um Judeu não pode pregar numa Igreja nem um Padre pode fazer as vezes de um Rabino.

Alguns anos mais tarde aparecem as Igrejas Anglicana e Protestante. Mais recentemente temos as confissões Evangélicas. Todas estas são Cristãs, seguem um principio de base similar, mas são todas diferentes.

Os Oficiantes de cada uma apenas Oficiam na respectiva Igreja/confissão.

As hierarquias de cada uma são definidas por métodos próprios, e cada qual tem a liberdade de interpretar os mesmos livros de forma distinta, pregando coisas diferentes. Sendo mais ou menos tolerantes.

As concelebrações são coisas muito raras e apenas em ocasiões especificas, sendo que na verdade não são concelebraçoes, mas sim celebrações paralelas justapostas no tempo e espaço.

Ora a Maçonaria não é diferente.

Todavia a pergunta é, porque razão não se juntam ritualmente, ou melhor porque razão é proibido que isso aconteça.

A resposta é minha, e confesso que não fui ler nada sobre este tema, e como tal obriga-me a mim. Pode até ser um erro colossal, mas é a minha e penso que tem lógica.

Saber a razão inicial da proibição parece-me tarefa ciclópica, e só possível se pudéssemos viajar no tempo e ir ouvir o que foi dito pelos dignitários que a decretaram. Entre o que é dito publicamente e a verdadeira razão pode ir uma diferença substancial.

É certo que o objectivo era marcar a diferença. Mas a diferença primordial se bem que importante era ténue. Os espíritos da altura, época de revoluções e de descobertas de princípios que para nós hoje são dados adquiridos, eram talvez menos contemporizadores.

A forma tradicional de evitar, foi sempre a proibição. E ainda hoje voltando atrás as religiões o fazem de forma discreta mas fazem ao exigirem processos de conversão (mais ou menos complicados) para celebrarem casamentos de acordo com a “verdadeira fé”.

Ora em períodos conturbados, as indicações dadas pelas “chefias” devem ser claras.
“Não é permitido” é substancialmente mais claro do que , “ poderão eventualmente estar presentes desde que salvaguardados …… “ sem contar que desta forma ao proibir se preservava o poder de Reconhecer.

A não miscigenação preservaria os valores impolutos, e permitiria claramente considerar os grupos como dissidentes.

Ora hoje quase 3 séculos depois, a proibição passou a questão filosófica e cimentou a diferença.

Hoje não creio que seja possível, sem grandes modificações, que a junção das correntes acontecer. Todavia no futuro quem sabe.

Todavia e como Rui Bandeira mencionou, há algumas coisas a serem tidas em conta. Do ponto de vista da Regularidade é aceite como Maçonaria embora diferente a praticada pelos movimentos Irregulares, no caso português o GOL.

E na prática, há uma circunstância em que Maçons Regulares e Irregulares se reúnem ritualmente e é aceite (na generalidade) pelas estruturas. Esta circunstancia é infelizmente a Cadeia de União Fúnebre quando efectuada publicamente.

E por aqui me fico por enquanto. Sei que não disse nada de muito diferente do que o Rui Bandeira já escreveu, mas talvez a abordagem seja algo distinta.
JoseSR

20 dezembro 2006

Conflito de Religiões

Em Junho passado no ambito do Congresso Maçónico Internacional proferi esta alocução.
Nela abordo varios temas, de forma não exaustiva uma vez que a apresentaçao se destinava a ser debatida , o que aconteceu.
O texto foi escrito para ser Dito, pelo que quando lido pode não resultar.
É o que é.


1º Congresso Internacional da Maçonaria
CCB, 25 de Junho de 2006


Intervenção no tema:


O Conflito de Religiões
Como pode a Maçonaria, no seu Universalismo e Tolerância, contribuir para o Amor, a Fraternidade e a Paz entre os Homens, no respeito de cada um pelo seu Deus e pelo Deus dos outros?



No mote para esta sessão aparecem algumas noções que, na minha opinião, merecem ser clarificadas e com isso tentarei expressar a minha opinião enquanto Homem de fé Judaica.

O conflito de religiões é na minha perspectiva um falso problema. É certo que a fé é usada como argumento para o conflito, mas a fé não está no centro do problema. Não pelo menos nos tempos que correm.

Os conflitos em nome de Deus, têm sempre como motivo fundamental questões económicas, sociais, demográficas e politicas. Muito pouco de religião.

No entanto o Marketing é tudo. Quem daria a primeira página a um conflito que não se arvore como em Nome de Deus. Quem conseguiria levar para frente de batalha homens sem os motivar em Nome de Deus.

Difícil aceitar, para nós verdadeiros crentes, que pseudo Crentes manipulem o conceito de Deus para prosseguirem os seus objectivos comezinhos e terrenos.

A segunda noção é “Seu Deus e o Deus dos outros”. Deixando de lado outras fés que não as comummente chamadas Monoteístas, então esta afirmação não faz sentido.

As 3 religiões do Livro, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, quando se referem a Deus referem-se claramente a UM e Único Deus, o mesmo.

Isto leva-nos a que uma ofensa ao “Deus dos outros” seja uma ofensa ao nosso próprio Deus, pois Ele é Um e Único, pelo que o não respeito do “Deus dos outros” é uma falta de respeito ao “seu Deus”.

A terceira noção presente é a Tolerância. A tolerância tão apregoada pela Maçonaria, é em minha opinião, um conceito perigoso.

Perigoso por duas razões essenciais:

Não é paritário ; Não é mensurável.

Tolerar alguém, ou algo é uma relação de superioridade para com esse alguém ou esse algo. Numa relação de Tolerância há o Tolerante e o Tolerado, é certo que cada qual pode ser as duas coisas simultaneamente, mas o mais normal é cada um de nós aplicar o conceito de tolerância quando a coisa não correu conforme o esperado.

Não é mensurável, pois não é possível definir até onde se deve ou se pode ser Tolerante. E como dizia Fernando Teixeira “ o limite da tolerância é a estupidez “.

Temos então que:

Não havendo Conflito de Religiões mas sim Conflitos por outras causas.

Havendo apenas UM e Único Deus.

Sendo a tolerância um conceito perigoso

O tema aparentemente fica vazio. Mas apenas aparentemente.

No meio de tudo está o Homem.

O Homem é o factor decisivo. Decisivo porque tem a mais poderosa dádiva Divina - O Livre Arbítrio.

O homem tem a possibilidade de Amar ou Odiar, de respeitar ou desrespeitar, de pacificar ou guerrear, de ser fraterno ou inimigo.

O Homem essa criatura perfeita dentro da Imperfeição.

É com os homens que teremos que resolver as nossas diferenças, e com eles que teremos que avançar para a solução dos conflitos.

O respeito pelos outros, essencialmente pela diferença é a chave da questão.

E Então que pode a Maçonaria fazer.

A Maçonaria pretende ser e têm sido uma escola. Usando uma via iniciática que de Per Si não serve para nada pois se for interpretada Strictu sensu é mais um ritual e nem sequer consegue substituir o religioso.

No entanto a interpretação desse ritual, conjuntamente com a Acção na Sociedade e não apenas com uma caridade aqui ou outra ali, mas com intervenção politica e social, coerente e fundamentada, pode permitir aos homens Maçons fazerem progredir a sociedade.

Ao contrário do que se prega pelas lojas da nossa obediência, a Maçonaria não é apolítica. O que não permite é que em sessão ritual se discuta politica.

Mas na intervenção na sociedade as Grandes Lojas têm que ser parceiros políticos.

Parceiros políticos, não quer dizer apoiar o partido A ou B ou o candidato X, mas sim pensar a politica, acercar-se dos meios políticos e apresentar a Maçonaria como uma Ferramenta de Prossecução de fins.

E temos que nos meter em todos os assuntos?

É claro que não, mas temos que ter uma palavra em muitas áreas da política, eventualmente começando pela política social, criando estruturas de apoio ou redes de contactos.

É também evidente que em assuntos de politica internacional as Grandes Lojas devem trocar entre elas as informações relevantes para que o seu contributo para o mundo em que vivemos seja tido em conta pelos respectivos Governantes locais.

Termino com dois exemplos:

Um de acção politica e um outro sobre o primado do homem

Em 1839 / 1840 surge um problema na Síria em que membros de uma confissão religiosa são acusados de assassinar “ritualmente” um sacerdote jesuíta e o seu acólito.

O problema internacionaliza-se e a França e a Inglaterra, potências dominantes na altura tomam o assunto em mãos, enviando para resolver o problema os Sr. Adolphe Cremieux e Sir Moses Montefiore.

Estes dois emissários eram ilustres Maçons no seu tempo, sendo que Montefiore era Embaixador e Cremieux chegou a ser Ministro de França.

E eles com a sabedoria dos Maçons resolveram o problema evitando assim uma crise internacional.

Quanto ao primado do Homem, há uns dias atrás o Papa Bento XVI em visita a Auschwitz – Birkenau perguntou “Onde estava Deus nestes dias?”

O Rabino Henry Sobel de São Paulo no Brasil escreveu então o seguinte:

“Antes de perguntarmos "onde está Deus", cabe-nos formular a outra pergunta: "Onde está o homem?" O que está fazendo o homem com o mundo que Deus lhe deu?”

Concluindo com a seguinte resposta:

“Com todo o respeito, permito-me responder ao Sumo Pontífice: Deus estava onde sempre esteve, esperando que os homens assumissem o seu dever.”

A Maçonaria como organização de Homens Livres e de Bons Costumes tem um poder imenso na prossecução dos desígnios da PAZ, AMOR e RESPEITO dos Homens pelos Homens e consequentemente dos Homens por Deus.

Assim nos ajude o Grande Arquitecto do Universo

JoseSR