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10 maio 2018

Integrado na comemoração dos 300 anos da Grande Loja Unida de Inglaterra, a Ilha de Man emitiu um conjunto de selos postais alusivos que merecem ser vistos:



22 setembro 2016

1717? 1721? Por enquanto, ainda 1717...


O tema começou a chamar a atenção quando o Irmão Chris Hodapp, no seu blogue Freemasosns for Dummies, informou que, na Conferência sobre a História da Maçonaria que a Loja Quatuor Coronati, n.º 2076, o Queen's College e a Universidade de Cambridge organizaram, dedicada ao 300.º aniversário da fundação da Primeira Grande Loja de Inglaterra, em 1717, o prestigiado historiador Andrew Prescott, professor da Universidade Glasgow (que, além do mais foi o fundador e Diretor, entre 2000 e 2007, do Centro de Investigação sobre a Maçonaria na Universidade de Sheffield) e a historiadora Susan Mitchell Sommers, professora de História do St. Vincent College, apresentaram uma comunicação na qual terão reportado a descoberta, na parte de trás de um dos Livros de Atas da Loja Antiguidade, n.º 2, uma ata referente à criação da Grande Loja de Londres e Westminster (a primeira Grande Loja) em 1721, na qual, designadamente se refere como Grão-Mestre fundador John Montagu, o 2.º Duque de Montagu.

Este documento porá em crise a versão, até agora indisputadamente aceite, relatada por James Anderson, na edição de 1738 das Constituições dos Maçons, de que a fundação da primeira Grande Loja ocorreu no dia de São João de 1717, sendo seu primeiro Grão-Mestre Anthony Sayer. Este documento também, similarmente, poria em crise que George Payne e John Teophilus Desaguliers tivessem antecedido no ofício de Grão-Mestre, entre 1717 e 1721, Lord Montagu.

A Loja Antiguidade, n.º 2, é tida como sucessora da Loja que reunia na taverna The Goose and the Giridon, uma das quatro Lojas fundadoras da Primeira Grande Loja.

Na edição n.º 2176 do JB News, o Irmão Kennyo Ismail retoma o tema, sob o título O embuste da fundação da Grande Loja Unida de Inglaterra, repetindo a informação de Chris Hodapp e afirmando que sempre duvidara do acerto da data de 1717, por falta de "um documento com registro público da época, ou mesmo uma notícia reproduzida em um dos jornais londrinos".

Com todo o respeito pelo entendimento do Irmão Kennyo Ismail - de cujas posições raramente discordo -, este seu argumento não é válido, pela simples razão de que também se aplica a 1721... Com efeito, também nenhum registo público ou notícia de jornal existe sobre a fundação da Primeira Grande Loja em 1721... 

Não quero com isto dizer que a descoberta da ata relatada por Prescott e Sommers não venha a conduzir a uma revisão da data até agora aceite como sendo a da fundação da Primeira Grande Loja. A História faz-se em função de documentos e não se pode nem deve ignorar um novo documento descoberto.

Mas, se estou perfeitamente disponível para a revisão da data da referida fundação, acho que é ainda prematuro fazê-lo.

Não basta um relato de uma comunicação dando conta da descoberta de um documento. Aliás, essa comunicação ainda nem sequer está publicada: só será publicada em 2017, juntamente com as demais comunicações da Conferência.

Temos primeiro que ler essa comunicação, para podermos verificar se o que os seus autores declaram é efetivamente aquilo que o relato, em segunda mão, afirma. Mas, mais, os historiadores terão que verificar e analisar o documento descoberto, designadamente para se assegurar da sua autenticidade. E, concluindo-se que o documento é autêntico, os historiadores terão ainda de se assegurar da sua veracidade. Isto é, nesta questão estamos ainda no início do que pode ser um longo caminho e de ponto de chegada ainda incerto.

Será a dita ata autêntica ou forjada? Para já, desconfio do facto de estar na parte de trás de um dos livros de atas da Loja Antiguidade, n.º 2... Um documento na parte de trás de um livro de atas faz desconfiar que tenha sido elaborado depois dos que estão registados nas folhas do livro... Depois, é de desconfiar que num livro de atas com perto de 300 anos só agora alguém descobrisse tão importante documento... 

Há ainda dados que têm de ser considerados e analisados, para se poder com alguma segurança concluir, se for caso disso, da autenticidade do documento. Por exemplo, William Preston foi o Venerável Mestre da Loja Antiguidade, n.º 2, que a conduziu na secessão desta, ou de parte dos membros desta Loja, da Grande Loja dos Modernos (a Primeira Grande Loja), em 1779, integrando a Grand Lodge of All England at York, secessão esta que durou até 1790, tendo então cessado com a reunificação da Loja Antiguidade, n.º 2, sob a égide da Grande Loja dos Modernos. A causa desta secessão foi a expulsão de Preston, acusado de ter liderado uma procissão maçónica não autorizada pela Grande Loja. Na ocasião, Preston invocou a senioridade da Loja Antiguidade, uma das quatro Lojas fundadoras da Primeira Grande Loja, enquanto sucessora da Loja que reunia em The Goose and the Giridon, Em face do documento agora surgido, se autêntico, o normal seria que Preston invocasse, não a senioridade da Loja Antiguidade enquanto sucessora da Loja que reunia em The Goose and the Giridon, mas sim essa senioridade em nome próprio, em 1721... 

Mas, mesmo que estabelecida seja a autenticidade do documento, haverá ainda que verificar da sua veracidade. Sendo autêntico o documento, isso só prova que alguém, na época, escreveu o que nele está. Resta saber se o que está escrito é verdade!

Várias dúvidas terão de ser afastadas e para isso é indispensável conhecer o teor exato do texto. Por exemplo, não sucederá que o responsável pela escrita do texto considerasse que só com o início da liderança de Montagu, o primeiro de uma longa lista de nobres que dirigiram a Primeira Grande Loja e a Grande Loja Unida de Inglaterra até aos dias de hoje, é que verdadeiramente se podia considerar fundada a Grande Loja? Que as lideranças anteriores, entre 1717 e 1721, de simples plebeus, mais não foram do que trabalhos preparatórios para uma vera fundação, que só se podia considerar realizada sob a égide de um membro da nobreza? 

Uma outra interrogação me assalta ainda: em 1738 (aquando da publicação da edição das Constituições de Anderson que relata a fundação da Primeira Grande Loja), ainda certamente eram vivos muitos elementos que viveram a fundação da Primeira Grande Loja. Afinal, só tinham ainda passado 21 anos - ou 17 anos... Se Anderson falsificou a fundação da Primeira Grande Loja, ao ponto de a antecipar em quatro anos e inventar três Grão-Mestres antes de Montagu (ainda com a particularidade de um deles - George Payne - ter exercido o ofício por duas vezes, não consecutivas, pormenor que não lembraria ao Diabo inventar...), será que nenhum dos contemporâneos ainda existentes da fundação nada diria, nem escreveria, nem ao menos faria qualquer referência na sua Loja, que ficasse registada em ata?

Até pode ser que a data da fundação da Grande Loja tenha de ser revista e que a lista dos seus Grão-Mestres tenha de ser amputada de três elementos (incluindo Desaguliers). Mas, para já, o que sabemos, na minha opinião, ainda não permite essa conclusão. Ainda há que ler, que estudar o documento, que analisar, enfim, que fazer o trabalho que os historiadores fazem, antes de se chegar a uma conclusão definitiva. Que pode alterar a data até agora aceite ou manter essa data como a correta...

Aguardemos com paciência, que também deve ser uma virtude cultivada pelos maçons!

Rui Bandeira

23 março 2009

United Grand Lodge Of England - Quarterly Communication

Falamos muito dos eventos maçónicos ocorridos do outro lado do Atlântico Sul. Esquecemo-nos de vez em quando dos que acontecem aqui mais perto. Venho hoje falar de um evento que em si é importante mas que se revestiu de importância suplementar se tivermos em conta o discurso do Grão-Mestre (reeleito) local.

O escrito de hoje é sobre a United Grand Lodge of Engalnd e sobre o que na sua “Quarterly Communication” de 11 de Março aconteceu.

Em finais de 2008 foi a Maçonaria Universal informada que o Marquês de Northampton, Pró Grão-Mestre da UGLE iria renunciar ao seu mandato por se encontrar doente.

Convém aqui relembrar que em Inglaterra quando o Grão-Mestre é membro da família Real nunca representa formalmente a Grande Loja, por uma questão de protocolo nacional e internacional. Existe assim regulamentarmente o oficio de Pró Grão-Mestre que tem como função, entre outras, substituir o Grão-Mestre em todas deslocações e missões de representação.

Nessa qualidade o Marquês de Northampton visitou Portugal e a GLLP duas vezes em 6 anos o que para uma pequena obediência como a nossa é algo de notável e indicador do respeito que a Maçonaria Regular Portuguesa angariou na Maçonaria Internacional.

Ora como em Maçonaria as coisas são feitas com tempo e preparação para que as mudanças sejam sempre suaves, em Dezembro foi escolhido o novo Pró Grão-Mestre para que nesta reunião de Março pudesse ser instalado na sua nova função o Muito Respeitável Irmão Peter Lowndes.

Sendo que este é um evento importante pois no fundo representa um novo interlocutor na UGLE, o mais importante foi o discurso - pode ser lido aqui - do Grão-Mestre, o Duque de Kent, e a sua mensagem de abertura e do trabalho feito e que vai continuar a ser feito no sentido de tornar a Maçonaria Inglesa mais presente na sociedade civil.

Este movimento de maior presença na Sociedade Civil é uma tendência que se tem vindo a instalar nas várias Grandes Lojas e Grandes Orientes, em parte porque as sociedades têm evoluído no sentido de serem mais receptivas, em parte porque Obediências são dinâmicas e inseridas. Neste movimento tem influído muito as tecnologias de informação e sobretudo a Internet.

Este trabalho de incremento de presença da Maçonaria na sociedade civil inglesa começou há uns anos, como se pode perceber do discurso do Grão-Mestre, mas apenas agora que está consolidado é que aparece anunciado num discurso oficial.

Esta é uma das formas de agir da Maçonaria. Apenas depois de montar os projectos e de os ter a funcionar é que de forma simples os anuncia.

Creio que para a Maçonaria Universal é de fundamental importância este sinal dado pela UGLE, tradicionalmente com posturas mais conservadoras, no sentido da interacção positiva com a sociedade civil.
José Ruah

30 junho 2008

Solsticio de Verão - Aniversário



Decorreu no passado Sábado a sessão de Grande Loja correspondente ao Solsticio de Verão e consequentemente o aniversário da constituição da Grande Loja.

E vão 17 anos desde a consagração pela Grande Loge Nationale Française, e vão dias bons e dias maus e outros assim assim.

O de sábado foi dia bom. Sala absolutamente cheia estando cerca de 250 Irmãos presentes.

A GLLP/GLRP foi honrada com a presença de várias potências estrangeiras a saber:

Moldova, Marrocos, Roménia, Itália, França, Espanha, Brasil e a mais importante de todas a Inglaterra. A Grande Loja Unida de Inglaterra fez-se representar pelo seu Pró Grão Mestre o Marquês de Northampton, 2ª figura da hierarquia da UGLE.

A sessão decorreu ligeira e rapidamente, sendo respeitados todos os procedimentos e protocolos.

Mas a melhor noticia foi que o Grão Mestre da GLLP/GLRP o Muito Respeitável Irmão Mário Martin Guia se apresentou de saúde e com toda a sua força e jovialidade, já recuperado das maleitas que lhe atormentaram a saúde nos primeiros meses deste ano.

O Jantar decorreu em ambiente agradável (segundo me disseram que eu não pude estar presente pois obrigações familiares mais importantes assim o determinaram) e de grande fraternidade.

Evidentemente que, e como sempre, a prestimosa colaboração da Milu e da Sandra foi de importância vital para que a logística do evento decorresse sem sobressaltos.

Mais um marco na história da GLLP/GLRP.



José Ruah

15 fevereiro 2007

O Quatuor Coronati Correspondence Circle

A admissão na Loja Quatuor Coronati, n.º 2076 da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE) ocorre exclusivamente por convite formulado a maçons regulares que se tenham distinguido no campo dos estudos maçónicos ou em outro campo das artes, letras ou ciências. Porém, o resultado do trabalho desta elite de especialistas não interessa apenas a estes, nem sequer apenas aos maçons. A Loja Quatuor Coronati criou, assim, uma estrutura destinada a acolher todos os que se interessem pelos temas objecto de estudo dos seus membros: o Círculo de Correspondência da Quatuor Coronati (Quatuor Coronati Correspondence Circle, ou, abreviadamente, Q. C. Correspondence Circle, ou ainda mais sinteticamente, QCCC). Até há alguns anos, podiam aderir ao mesmo apenas Mestres Maçons Regulares. Presentemente, qualquer interessado, maçon ou não maçon, pode ser admitido.

O Círculo de Correspondência é administrado pela Q.C. Correspondence Circle, Limited, uma sociedade comercial constituída por todos os membros da Loja, gerida por um Conselho de Gestão. A jóia de inscrição é de 5 Libras para o volume normal ou de 6 Libras para o volume encadernado, dando de imediato direito à recepção, gratuita, do último volume das Ars Quatuor Coronatorum, o volume onde se publicam todas as pranchas apresentadas no ano anterior e a reprodução dos comentários e críticas que as mesmas mereceram, além de outros elementos.

A quota anual é de £ 20.00 para o volume normal ou de£ 22.00 para o volume encadernado.

Para aderir ao Círculo de Correspondência, pode-se imprimir e preencher o formulário para tal existente no sítio do Círculo, ou, para os residentes em Portugal, simplesmente contactar-me a mim, pois asseguro a sua representação em Portugal. Após o preenchimento da documentação e a entrega da quantia correspondente em Euros ao montante em Libras fixado para a modalidade escolhida, enviarei todos os elementos para Londres e, após aceitação, o nóvel membro receberá o volume gratuito. Ulteriormente, todos os contactos com o Círculo de Correspondência podem ser feitos directamente através dos respectivos serviços em Londres ou por meu intermédio.

A adesão será válida a partir da data da reunião seguinte do Conselho de Gestão do Círculo de Correspondência após a recepção da candidatura.

Os membros do Círculo de Correspondência, se Maçons Regulares, terão os mesmos direitos que os membros da Loja Quatuor Coronati, excepto os direitos de voto e de exercer cargos na Loja ou na Sociedade QCCC, Ltd.

Os membros do Círculo de Correspondência recebem também as convocatórias das reuniões da Loja, às quais os membros que forem Maçons Regulares podem assistir e participar nas discussões que se seguem à apresentação das pranchas. Os membros que não sejam Maçons Regulares podem assistir às reuniões que sejam anunciadas como estando abertas a eles. As datas das reuniões são a terceira quinta-feira de Fevereiro, a segunda quinta-feira de Maio, a quarta quinta-feira de Junho e as segundas quintas-feiras de Setembro e de Novembro , nesta última ocorrendo a instalação do Venerável Mestre para o ano subsequente. Os membros do Círculo de Correspondência têm direito a adquirir qualquer das outras publicações da QCCC, Ltd., as quais, tal como o volume anual das Ars Quatuor Coronatorum, estão exclusivamente reservadas aos membros. Têm também direito a colocar as questões que entenderem, relativas a história, costumes, rituais, etc., da Maçonaria à secretaria, que providenciará para que as respostas, por membros abalizados, sejam emitidas. Podem participar nos ágapes da Loja subsequentes às reuniões, mediante marcação prévia.

As Ars Quatuor Coronatorum anuais registam o trabalho da Loja Quatuor Coronati desde 1886. Contêm os estudos de muitos especialistas em vários campos do estudo e da pesquisa maçónicos. Os primeiros números são hoje extremamente raros, mas cópias de algumas edições, bem como as edições mais recentes estão agora disponíveis em CD-ROM. A QCCC, Ltd. publica ainda reproduções dos trabalhos maçónicos raros e valiosos, que ficam desse modo acessíveis aos estudiosos de todo o Mundo.

É possível marcar conferências sobre temas maçónicos, sendo os conferencistas providenciados pelo Conselho de Gestão do Círculo de Correspondência. Nenhum pagamento é exigido, excepto os reembolso de despesas de viagem e alojamento, o qual deve ser providenciado pelos organizadores da conferência. Os pedidos para conferências (em Inglês...) devem ser dirigidos à secretaria, directamente ou por meu intermédio.

Rui Bandeira

13 fevereiro 2007

A Loja de Investigação Quatuor Coronati

Na Maçonaria existem diversas Lojas de Investigação A mais antiga é a Loja Quatuor Coronati, n.º 2076 da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE).
Foi fundada em 1884 por um grupo de nove maçons: Sir Charles Warren (então Coronel, mas mais tarde General), W. Harry Rylands, Robert Freke Gould, o Reverendo Adolphus F.A. Woodford, Sir Walter Besant, John P. Rylands, o Major Sisson C. Pratt, William James Hughan e George W. Speth. Todos eram académicos e alguns foram altamente reconhecidos no campo do estudo da Maçonaria.

A carta patente da Loja foi emitida pela Grande Loja Unida de Inglaterra em 28 de Novembro de 1884, mas, porque o Venerável Mestre designado, Sir Charles Warren, tinha sido enviado em missão diplomática e militar a África, só em 12 de Janeiro de 1886 ocorreu a respectiva Cerimónia de Consagração.

Os objetivos dos fundadores foram o desenvolvimento do interesse dos maçons pela investigação, designadamente histórica, o incentivo ao estudo da Maçonaria, a apresentação de pranchas e a sua discussão e crítica e a atracção da atenção e da cooperação de investigadores maçónicos em todo o Mundo.

Para tal, estabeleceram um estilo novo de investigação da Maçonaria, ignorando as conclusões sem fundamento derivadas da escrita imaginativa de alguns autores anteriores e, devido a isso, a Loja veio a ser considerada o paradigma da investigação histórica da Maçonaria. Graças aos esforços dos seus membros, os trabalhos dos historiadores anteriores foi colocado sob atento escrutínio e muito do que tinha sido anteriormente aceite passou a ser rejeitado.

Criaram o que viria a ser uma importante biblioteca, a qual, em tempos mais recentes, veio a ser integrada na da Grande Loja Unida de Inglaterra. Porém, a Loja mantém o controlo dos seus livros e originais. Foi promovida também a publicação de fac-símiles e a republicação de livros, manuscritos e papéis raros e valiosos.

O nome da Loja, Quatuor Coronati, foi escolhido em homenagem aos “quatro coroados”, que foram martirizados em 8 de Novembro de 302 e foram considerados santos patronos dos pedreiros em toda a Europa entre os séculos V e XVI. A sessão de instalação do Venerável Mestre da Loja ocorre na segunda quinta-feira de Novembro, por esta ser a data praticável mais próxima à do seu martírio.

Desde o início da Loja que a admissão de seus membros se faz exclusivamente por convite, que só é dirigido a maçons regulares que tenham dado contribuições importantes no campo do estudo da Maçonaria ou que se tenham distinguido de outra maneira na arte, na literatura ou nas ciências.

Anualmente são publicadas as Ars Quatuor Coronatorum, registo da actividade da Loja, que inclui as pranchas lidas nas reuniões da Loja, bem como a discussão que geraram. Muitos outros assuntos, tão variados quanto possível, são também incluídos, designadamente recensões de livros de interesse maçónico e perguntas que foram formuladas ao editor e que por este ou pelo membro da Loja mais bem qualificado para o efeito são respondidas. Todos os volumes, desde o primeiro, estão disponíveis na biblioteca da Grande Loja Unida de Inglaterra.

Os elementos para a elaboração deste texto foram por mim daqui seleccionados, recolhidos, traduzidos e adaptados.

Rui Bandeira

06 fevereiro 2007

Reconhecimento de Corpos Maçónicos

Freemason's Hall - Londres

A existência de diversos Corpos Maçónicos, desde logo em termos internacionais - mas não só -, mas também a existência de organizações para-maçónicas ou que, nada tendo a ver com a Maçonaria, se reclamam dela, ou de esoterismo, ou de similares conceitos, implica a necessidade da Maçonaria distinguir entre o que é Maçonaria e o que não é e, dentro desse conceito, entre quem postula idênticos princípios e quem segue diferente caminho. Criou-se, assim, o mecanismo do Reconhecimento.

Na Maçonaria Regular, particularmente importante é o Reconhecimento da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE), por ser essa a Grande Loja original da Maçonaria Especulativa. Daí que seja dada especial atenção aos critérios instituídos por essa Grande Loja para o Reconhecimento de Corpos Maçónicos. Tais critérios estão publicados aqui e a sua versão em português está publicada no sítio da GLLP /GLRP, mais precisamente no capítulo sobre o Reconhecimento, de onde é para aqui transcrita. São, pois, os seguintes os critérios que é necessário preencher para que um Corpo Maçónico seja reconhecido como integrando a Maçonaria Regular:

1. Regularidade de origem, isto é, que cada Grande Loja tenha sido criada regularmente por uma Grande Loja devidamente reconhecida ou por três ou mais Lojas regularmente constituídas.

2. Que a crença no Supremo Arquitecto do Universo e na sua vontade revelada seja condição essencial para admissão dos membros.

3. Que todos os iniciados prestem o seu compromisso sobre o Livro da Lei Sagrada ou com os olhos fixos nesse Livro, aberto à sua frente, livro pelo qual se exprime a revelação do Ser Supremo ao qual o individuo que acaba de ser iniciado fica, em consciência, irrevogavelmente ligado.

4. Que a composição da Grande Loja e das Lojas particulares seja exclusivamente de homens e que cada Grande Loja não mantenha quaisquer relações maçónicas, seja qual for a sua natureza, com Lojas mistas ou com corpos que admitem mulheres como membros.

5. Que a Grande Loja exerça jurisdição soberana sobre as Lojas submetidas à sua obediência, isto é, que seja um organismo responsável, independente e inteiramente autónomo, possuindo uma autoridade única e incontestada sobre a Arte ou os graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre) colocados sob a sua jurisdição, e que não esteja de forma alguma subordinada a um Supremo Conselho ou qualquer outra Potência reivindicando controle ou supervisão sobre esses graus, nem partilhe a sua autoridade com esse Conselho ou essa Potência.

6. Que as Três Grandes Luzes da Maçonaria (isto é, o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso) estejam sempre expostos durante os trabalhos da Grande Loja ou das Lojas na sua obediência, sendo o principal dessas luzes o Volume da Lei Sagrada.

7. Que as discussões de ordem religiosa e politica sejam estritamente proibidas em Loja.

8. Que os princípios dos Antigos Landmarks, costumes e usos da Arte sejam estritamente observados.

A Grande Loja Unida de Inglaterra precisa ainda, sob o título

Grandes Lojas Irregulares e Não Reconhecidas

Existem alguns Corpos Maçónicos com regras próprias que não preenchem estas normas, por exemplo, não exigem a crença num Ser Supremo, ou que autorizam ou encorajam os seus membros a desenvolver, enquanto tal, actividade política. Esses Corpos são reconhecidos pela Grande Loja de Inglaterra como sendo Maçonicamente Irregulares e o contacto maçónico com eles é interdito.

Note-se que a Grande Loja Unida de Inglaterra, com esta formulação, embora enfatize que tais Corpos Maçónicos não são Regulares (e portanto os designa de Irregulares), reconhece-os como Maçonaria.

A GLLP/GLRP é o único Corpo Maçónico português reconhecido como Regular pela Grande Loja Unida de Inglaterra, como se pode conferir aqui. De notar que, ao contrário do que muitos pensam, não é exacto que a Grande Loja Unida de Inglaterra apenas reconheça necessariamente um Corpo Maçónico por país; designadamente, no Brasil reconhece como Regulares o Grande Oriente do Brasil e as Grandes Lojas do Estado de Mato Grosso do Sul, do Estado do Rio de Janeiro e de S. Paulo, como se pode conferir aqui.

A GLLP/GLRP é reconhecida pelas seguintes Potências Maçónicas:

District Grand Lodge of Gibraltar
G. L. de la Republica Dominicana
G. L. de los Andes (Bucaramanga)
G. L. Nationale Guinéenne (Conakry)
Gran Loggia Repubblica Di San Marino
Gran Logia "Benito Juarez"
Gran Logia "Cosmos" del Estado de Chihuahua
Gran Logia "Cuscatlan"
Gran Logia "Occidental Mexicana"
Gran Logia "Unida Mexicana"
Gran Lògia D' Andorra
Gran Logia de AA:. LL:. Y AA:.MM:. de Sinaloa
Gran Logia de Chile
Gran Logia de Costa Rica
Gran Logia de Cuba
Gran Logia de Guatemala
Gran Logia de Honduras
Gran Logia De La Argentina
Gran Logia de la Republica de Venezuela
Gran Logia de Nicaragua
Gran Logia de Peru
Gran Logia de Tamaulipas
Gran Logia de Uruguay
Gran Logia de York de México
Gran Logia Del Ecuador
Gran Logia del Estado de Chiapas
Gran Logia del Estado de Hidalgo
Gran Logia del Estado de Nuevo Leon
Gran Logia del Pacifico
Gran Logia Simbolica del Paraguay
Gran Logia Soberana de Puerto Rico
Gran Logia Valle de México
Grand East of the Netherlands
Grand Lodge Alpina of Switzerland
Grand Lodge of A.F. & A.M. of Ireland
Grand Lodge of Austria
Grand Lodge of Bolivia
Grand Lodge of Bulgaria
Grand Lodge of Denmark
Grand Lodge of F. and A.M. of Japan
Grand Lodge of Finland
Grand Lodge of Greece
Grand Lodge of Iceland
Grand Lodge of India
Grand Lodge of Iran
Grand Lodge of Moldova
Grand Lodge of Norway
Grand Lodge of Panamá
Grand Lodge of Philippines
Grand Lodge of Russia
Grand Lodge of Slovenia
Grand Lodge of South Africa
Grand Lodge of Spain
Grand Lodge of Sweden
Grand Lodge of the Czech Republic
Grand Lodge of the State of Israel
Grand Lodge of Turkey
Grand Lodge of Ukraine
Grand Loge du Congo
Grand Loge Nationale de Madagascar
Grand Orient D' Haiti
Grande Loge de Côte D' Ivoire
Grande Loge de Luxembourg
Grande Loge Du Benin
Grande Loge Du Burkina Faso
Grande Loge Du Cameroun
Grande Loge Du Gabon
Grande Loge du Royaume du Maroc
Grande Loge du Sénégal
Grande Loge Nationale Française
Grande Loge Nationale Togolaise
Grande Oriente D' Italia
Grande Oriente de Pernambuco
Grande Oriente do Brasil
M. R. G. L. Nacional de Colombia
Marea Loja Nationala Di Romania
National Grand Lodge of Poland
Regular Grand Lodge of Belgium
Regular Grand Lodge of Yugoslavia
Sino Lusitano Lodge of Macau Nº 897 - Hong Kong
Symbolic Grand Lodge of Hungary
The G. L. of British Columbia & Yukon
The Grand Lodge of Alberta
The Grand Lodge of Croatia
The Grand Lodge of F. and A.M. of Estonia
The Grand Lodge of Scotland
United Grand Lodge of England
United Grand Lodge of New South Wales and Australian Capital Territory
United Grand Lodge of Victoria
United Grand Lodges of Germany.

Rui Bandeira

05 fevereiro 2007

A Regularidade Maçónica

No seu texto Breve análise do Blogue, JoséSR sugeriu aos visitantes do mesmo que, no espaço para comentários, indicassem assuntos que gostassem de ver aqui tratados. Escriba não se fez rogado e escreveu: Gostaria de por aqui ver abordada e participada pelos internautas, a questão da regularidade. É com enorme tristeza e pesar que constato o que no nosso país se passa neste dominio. Instado a esclarecer a razão da tristeza, acrescentou: o que me deixa triste é a maioria das obediências deste país, não todas, proibam, a palavra é esta, o contacto entre maçons de outras obediências que não a sua. Não faz para mim sentido, de todo, que me possa reunir institucionalmente com um irmão australiano e não o possa fazer com um de coimbra. A Maçonaria é só uma, uma questão administrativa não devia servir para dividir irmãos que almejam apenas trabalhar em conjunto, há luz de um Ideal Maior.

A prioridade no desenvolvimento cabia ao JoséSR, já que o assunto fora suscitado em comentário a um texto seu. Porém, o JoséSR não terá tido ainda disponibilidade para o fazer. Como não é conveniente deixar passar mais tempo sem desenvolver o assunto proposto, sob pena de o Escriba ficar defraudado na sua expectativa, avanço já eu.

Uma advertência, porém, não quero deixar de formular, talvez desnecessariamente: todas as opiniões que neste blogue deixo consignadas vinculam-me apenas a mim, maçon livre de uma Loja livre, e a mais ninguém, pois sou porta-voz apenas de mim mesmo.

Escriba levantou, não uma, mas três questões diferentes: a Regularidade, o Reconhecimento e o Relacionamento das e entre as Obediências Maçónicas. Interligar-se-ão, influenciar-se-ão, sem dúvida. Mas são questões diferentes e assim devem ser tratadas. Hoje, tratarei apenas da primeira.

Denomina-se de Maçonaria Regular a Maçonaria que segue os princípios da Maçonaria Inglesa, especificamente da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE). Tais princípios estão definidos nos doze Landmarks já neste blogue apresentados e comentados. Deles se retira estarmos perante uma Maçonaria deísta (é elemento essencial a crença num Ente Criador), independente de e aceitando todas as religiões, com o objectivo do aperfeiçoamento moral e espiritual dos seus membros através do método maçónico e da interacção individual com o grupo em que se está inserido e só mediatamente influenciando a Sociedade, através do exemplo dos maçons, isto é, sem intervenção política directa e organizada. Em Portugal, esta tendência está corporizada na Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal (GLLP / GLRP). Outras organizações de menor expressão, originadas de cisões desta Obediência se reclamam do mesmo ideário.

À falta de melhor designação, designa-se por Maçonaria Liberal (evito aqui o adjectivo de Irregular, que pode ser interpretado como tendo uma carga negativa) a tendência que prossegue o ideário desenvolvido pelo Grand Orient de France desde a época da Revolução Francesa, assente sobretudo na trilogia de princípios Liberdade-Igualdade-Fraternidade, na promoção da Democracia e das Ideias Democráticas. Esta tendência não considera essencial a crença num Criador, admitindo agnósticos e ateus. Busca o aperfeiçoamento da Sociedade através da acção dos seus membros, que devem, para tal, aperfeiçoar-se moralmente. Não rejeita, antes favorece, a intervenção política. Em Portugal, esta opção é a seguida pelo Grande Oriente Lusitano (GOL).

Estas duas correntes são realidades e organizações diferentes e com diferentes propósitos. É certo que em muito os respectivos caminhos são comuns (o método de evolução, o tipo de organização, as raízes simbólicas, a proactividade pelo aperfeiçoamento). Mas também de forma não despicienda tais caminhos divergem: enquanto uma baseia todo o seu ideário na crença num Criador, como base e enquadramento para o aperfeiçoamento dos seus membros, objectivo essencial buscado (sendo tudo o resto, incluindo a evolução da Sociedade uma consequência mediata), a outra prescinde dessa crença (mas não a hostiliza, aceitando sem problema crentes e, tal como a Maçonaria Regular, integrando a tolerância perante as várias opções religiosas no seu ideário) e prossegue o aperfeiçoamento dos seus membros como meio para atingir o objectivo essencial, a transformação da Sociedade, a sua evolução e aperfeiçoamento, de acordo com a matriz democrática.

Ambas as tendências são igualmente respeitáveis. Têm - repito - muito em comum, quer na forma, quer na substância. Têm, no entanto, princípios essenciais diferentes e objectivos diversos. São, pois, realidades diversas, embora em muito semelhantes. Percorrem e partilham o mesmo caminho, ao longo de grande parte da jornada. Mas querem chegar a pontos diferentes. Ambas são romeiras. Só varia o destino de romagem.

No meu ponto de vista, não é melhor nem pior uma do que outra. São, simplesmente, diferentes. Ambos os caminhos são louváveis. Um convirá mais a uns; o outro a outros.

Não há, assim, uma mera questão administrativa a dividir Irmãos. Reconhecer as diferenças, assumir a diferente natureza destas duas grandes tendências, admitir que não há UMA Maçonaria, antes DOIS tipos de Maçonaria - e que não há mal nenhum nisso! - é, no meu entendimento, essencial para que os elementos de cada uma das tendências viva proveitosamente aquela em que está inserido e se relacione fraternalmente com a outra.

Eu insiro-me na Maçonaria Regular, prossigo e aceito os seus princípios. É este o meu caminho, o que se adequa a mim. à minha mentalidade, à minha maneira de ser, de pensar, de reagir. Outros inserem-se noutra tendência maçónica. O seu caminho é igualmente meritório e, porventura, para a mentalidade, a maneira de ser, de pensar e de reagir de quem o trilha, será mais profícuo.

Se os maçons, de qualquer tendência, souberem assumir a sua própria individualidade e as dos demais, se aplicarem a si próprios e aos demais maçons, qualquer que seja a sua tendência, os princípios que professam, ser maçon Regular ou Liberal não será nunca um factor de divisão, antes e tão só o que é: um adjectivo caracterizador da forma que escolheu para procurar ser melhor e ajudar a Sociedade a ser melhor.

Rui Bandeira