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01 dezembro 2014

Sugestão musical para a Coluna da Harmonia: "You’ve got a friend in me" de Randy Newman ...



Hoje venho fazer uma sugestão musical para ser utilizada pela Coluna da Harmonia num momento de descontração em sessão de Loja. E uma vez que estes momentos também existem, penso que esta canção é apropriada para ser ouvida durante a sua ocorrência. E como de vez em quando encontramos a presença da Arte Real onde menos esperamos, decidi partilhar convosco uma canção que apesar de ser bastante simples não o é na realidade, pois exprime alguns dos melhores sentimentos que se pode sentir e partilhar com outrém. E falo-vos da Amizade e do sentimento fraterno que sentimos por quem decidimos que faça parte da nossa “vida ativa”…
Assim, a sugestão musical que tenho o prazer de partilhar com os leitores deste blogue é uma canção que encontrei num filme de animação para crianças.
O que poderá causar alguma estranheza a quem lê este texto.
Uma sugestão musical “maçónica” e logo encontrada numa animação infantil?!
 Pois, não é habitual se encontrar a presença de princípios morais maçónicos em animações feitas para crianças (preferencialmente)  apesar de existirem vários contos infantis e bandas desenhadas onde os mesmos se podem encontrar. Dou como exemplos as “fábulas de La Fontaine”, as estórias protagonizadas por “Corto Maltese” ou o conto infantil “O Pequeno Príncipe” de Saint Exupery, entre outros… Mas numa produção Disney, o que é o caso nesta publicação, e uma vez que o fundador desta empresa, Walter Disney (05/12/1901-15/12/1966) foi maçom, a possibilidade de se encontrarem princípios morais maçónicos nos seus filmes e contos infantis nunca pode ser descartada.
A canção que hoje faço referência, integra a banda sonora original do filme de animação infantil "Toy Story" co-produzido pela Disney e pela Pixar. 
Aqui pode encontrar mais informação sobre este filme infantil. E também durante o visionamento do referido videoclip é  possível encontrar a sua letra original. Mas se preferir uma tradução ligeira desta letra, pode-a encontrar aqui também, apesar de eu traduzir a respetiva letra na análise que irei efetuar a esta música.
O título desta canção é “You’ve got a friend in me - Tú encontras um amigo em mim -“ e foi produzida pelo compositor musical Randy Newman e a sua letra é:
"You've got a friend in me
You've got a friend in me
When the road looks rough ahead
And you're miles and miles from your nice and warm bed.
You just remember what your old pal said
Boy, you've got a friend in me
Yeah, you've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You got troubles, then I got 'em too
There isn't anything I wouldn't do for you
If we stick together we can see it through
'Cause you've got a friend in me
You've got a friend in me
Now some other folks might
Be a little bit smarter than I am
Bigger and stronger too. Maybe
But none of them will ever love you
The way I do
Just me and you, boy
And as the years go by
Our friendship will never die
You're gonna see, it's our destiny
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me"
Assim numa primeira impressão criada pela leitura do título da canção, pudemos reter no imediato é que esta canção trata de Amizade, e por inerência, de Fraternidade; dois dos princípios morais de excelência da Maçonaria. Mas tal como na sugestão musical anterior onde pudémos encontrar também valores morais tais como o “Amor Fraternal” e o “Dever de Auxílio”, também na canção  You’ve got a friend in me” os vamos encontrar apesar de num contexto um pouco diferente.
Enquanto na sugestão musical anterior dava-se ênfase ao auxílio que deve existir entre irmãos, nesta canção a amizade é enfatizada em relação aos restantes valores morais que encontramos. E apesar de não se falar em fraternalismos e nem mesmo em fraternidade de forma explícita, subliminarmente os mesmos estão bem implícitos na letra desta canção. E a frase “you’ve got a friend in meencontras um amigo em mim” é a prova disso.
Quantas vezes existem e conhecemos casos de famílias desavindas onde os seus familiares nem se falam sequer? E nas quais, os seus membros se relacionam apenas com os seus amigos?
Quantas vezes nós preferimos o apoio, o abraço ou o carinho de um amigo em detrimento dos mesmos, efetuados por familiares nossos?
Uma das grandes conquistas que provém da liberdade que nos oferecida pela vida é a liberdade de escolha. A liberdade de escolher com quem queremos conviver e de nos intimamente relacionarmos. A liberdade de decidir com quem queremos partilhar a nossa vida e desejamos fazer o bem. Por certo a nossa  família de sangue não a podemos escolher, é algo que é natural. Mas quanto às nossas amizades e famílias fraternais, a escolha só dependerá da nossa vontade e do desejo dos outros em nos acolherem nas suas vidas.
E voltando à análise desta canção nas frases seguintes, When the road looks rough ahead And you're miles and miles from your nice and warm bed. You just remember what your old pal said Boy, you've got a friend in me”E quando o caminho em frente te parecer difícil e estiveres milhas e milhas longe da tua cama quente. Só tens de te lembrar do que o teu velho amigo disse, Rapaz tú tens um amigo em mim-. Isto bem o percebem, os maçons. Que mesmo longe do seu lar, seja no ar, na terra ou no mar, terão sempre um amigo ao seu dispor, um irmão que os poderão apoiar e auxiliar no que necessitem. Aliás um bom maçom e membro da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5 afirma e bem que “na Maçonaria, a amizade é prêt-à-porter”, isto é, a amizade encontra-se e faz-se em qualquer parte do mundo.
No entanto, também o auxílio mútuo que é devido entre irmãos e amigos se encontra bem patente em “You got troubles, then I got 'em too There isn't anything I wouldn't do for you If we stick together we can see it through 'Cause you've got a friend in me”Tú tens problemas, então eu também os tenho, não haverá nada que eu não farei por ti e se nos mantivermos juntos nós conseguiremos ultrapassar isso porque tens um amigo em mim -. Isto é na verdade, o tal "ombro amigo" de que por vezes tanto se fala no mundo profano. É alguém sentir que deve "estar lá" para todas as ocasiões e não  estar presente apenas nos bons momentos  que a vida proporciona aos seus amigos e irmãos. Geralmente é nos momentos adversos da nossa vida que encontramos ou descobrimos quem realmente são os nossos amigos. O apoio que nos poderão dar nesses momentos menos positivos da nossa vida é crucial para que estes possam ser ultrapassados ou esquecidos.

 E, uma vez mais, a amizade é salientada nesta música novamente em “Now some other folks might Be a little bit smarter than I am Bigger and stronger too. Maybe But none of them will ever love you The way I do”- Agora outros rapazes poderão ser um pouco mais espertos que eu para além de serem maiores e mais fortes. Talvez, mas nenhum deles gostará de ti da maneira como eu o sinto -. Aqui encontra-se representada a pureza e a intemporalidade de uma grande amizade. A qual deverá permanecer inabalada seja pelo tempo ou pela distância que por vezes e por vários motivos pode separar os amigos e irmãos.

Nomeadamente encontramos o eco destas palavras e deste sentimento  na frase “And as the years go by Our friendship will never die You're gonna see, it's our destiny”- E à medida que o tempo passa, a nossa amizade não perecerá, e tú o assim irás observar, é o nosso destino -. E é mesmo esse o nosso destino; pois tal como encontramos no  mote maçónico latino “Virtus junxit mors non separabitAquilo que a Virtude juntou, a morte não o separará…” também assim tal ficou demonstrado nesta última estrofe da canção. Seja neste oriente ou no Grande Oriente Eterno, juntos uma vez, juntos para sempre
Mais uma vez, de algo que inicialmente nada de maçónico poderia conter, mostrou-se que afinal existe muito para refletir e principalmente, para sentir

10 setembro 2014

Auxílio


O segundo termo da trilogia utilizada pela maçonaria anglossaxónica, Relief, é correntemente traduzido para português como Alívio, mas considero mais correto fazê-lo pela palavra Auxílio. Sendo ambas as hipóteses possíveis, a tradução por auxílio tem a vantagem de enfatizar a ação, enquanto que alívio é meramente a consequência ou o objetivo. É do auxílio que resulta ou se procura que resulte o alívio.

O auxílio que aqui se refere é o necessário ou conveniente para afastar ou minorar a dor, o sofrimento ou a dificuldade. Não a excluindo, não se contém apenas na vertente material. A ideia é que, identificada uma dificuldade, se venha a agir de forma a possibilitar que essa seja aliviada. A ação a empreender necessariamente que se contém dentro dos limites das possibilidades daquele ou daqueles que a levam a cabo, sem colocar em risco a sua própria vida ou integridade, família e estabilidade.

O auxílio deve ser prestado, em primeira linha, aos Irmãos maçons e às viúvas e filhos menores dos maçons já falecidos, mas, havendo possibilidades, deve ser igualmente efetuado em prol de quem quer que seja que esteja necessitado.

O auxílio a prestar é o apto a dissipar ou minorar o sofrimento ou dificuldade de quem dele beneficia, não um ato de favoritismo ou nepotismo. Há uma evidente diferença moral entre auxiliar alguém que passa por uma situação de dificuldade e favorecer alguém em ordem a que este obtenha uma situação de privilégio ou de vantagem injustificada. O auxílio destina-se a dar alívio, não a endossar vantagem... 

O auxílio a prestar deve respeitar sempre as normas legais e sociais. Auxiliar alguém a cometer uma infração, não é alívio, é cumplicidade. Auxiliar alguém a escapar ás consequências dos seus atos não é virtude, é encobrimento.

O auxílio maçónico tem, inderrogavelmente, uma caraterística de solidariedade e beneficência, mas estas não são a essência de se ser maçom, antes mera consequência de tal.

O auxílio é algo que todos os maçons devem prestar a quem e quando necessário, na medida das suas possibilidades, tal como inevitavelmente todos, em algum ou alguns momentos da sua vida - por mais afortunada ou realizada que esta seja - necessitaram ou virão a necessitar de auxílio, seja para superar ou minorar padecimentos, seja para consolar e ultrapassar desgostos e perdas, seja, enfim, para enfrentar dignamente a Grande Passagem que cada um de nós inexoravelmente fará.

O auxílio maçónico não é mais do que o exemplo do que todos os que vivem em sociedade devem praticar, pois viver em sociedade é dar e receber, ajudar e ser ajudado, cooperar para atingir objetivos, por vezes nossos, por vezes alheios, outras vezes comuns.

Rui Bandeira